Blog do Valdo Cruz
Mesmo da cadeia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conseguiu traçar uma estratégia na reta final das convenções partidárias para tentar garantir a presença do partido no segundo turno da eleição presidencial.
Ciente de que sua candidatura a presidente é praticamente impossível, por ser hoje inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa, Lula buscou desidratar adversários diretos, como Ciro Gomes (PDT), e atrair de volta para o campo petista aliados tradicionais, como o PCdoB e PSB.
Lula sabe que, fora da disputa presidencial, as chances de o PT estar na reta final das eleições dependiam do sucesso de uma articulação para garantir musculatura política para aquele que vier a substituí-lo na chapa petista, o ex-prefeito Fernando Haddad.
E o ex-presidente articulou até o último minuto, atraindo para o seu lado novamente o PCdoB, que concordou em ter Manuela D'Ávila como candidata a vice na chapa petista mais à frente, assim que ficar definida a sua situação jurídica.
Antes, Lula já havia trabalhado para evitar que o PSB se aliasse ao candidato do PDT, Ciro Gomes, que estava prestes a fechar uma aliança com os pessebistas. O PSB decidiu não apoiar oficialmente nenhum candidato, mas fechará alianças importantes nos estados com o PT, o que fortalece o futuro candidato petista à Presidência.
A decisão ontem, de colocar Fernando Haddad como vice na chapa de Lula, que será registrada no dia 15 de agosto, faz parte do plano petista de já garantir visibilidade àquele que deve assumir a cabeça de chapa no partido assim que ficar definida a situação jurídica do ex-presidente.
E, ao já antecipar que Manuela D'Ávila será a vice de verdade, também coloca a integrante do PCdoB em condições de começar a fazer campanha para o candidato petista.
Agora, a dúvida é sobre quando será definida a situação jurídica de Lula. Pode ser até nesta semana, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) analise no plenário pedido da defesa do ex-presidente para colocá-lo em liberdade.
No pedido, os advogados do petista também solicitaram que o Supremo se manifeste sobre a situação de inelegibilidade de Lula. Agora, porém, eles podem desistir deste último questionamento. Exatamente para não antecipar algo que seria discutido apenas depois do registro da candidatura, dia 15 de agosto.
O relator do caso, ministro Edson Fachin, pediu à defesa de Lula para que esclareça se realmente quer tratar deste ponto. Na cúpula petista, alguns setores avaliam inclusive a possibilidade de desistir do recurso em tramitação no STF para evitar que, na sua apreciação, o Supremo trate do tema da inelegibilidade do ex-presidente.
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