Um argumento comum usado a favor das religiões é que elas nos fornecem
estrutura moral. Logo, presume-se que, sem as religiões, o mundo seria um caos
imoral.
Será?
O Primatologista e Etiologista Franz de Waal traz uma visão interessante
sobre o assunto. Considerando que nossas religiões têm apenas alguns milhares
de anos, enquanto seres humanos existem há centenas de milhares de anos, não
podemos necessariamente dizer que precisamos delas para nos guiar moralmente.
As religiões não inventaram a moralidade. As pessoas provavelmente já
tinham princípios morais muito antes disso.
No entanto, elas podem “codificar” a moralidade, reforçá-la,
direcioná-la no caminho que preferimos.
Uma das sugestões mais fascinantes trazidas por “de Waal” é que a
religião pode ser apenas uma “nova embalagem” de comportamentos morais,
destinada a uso para uma grande população.
Quando os seres humanos primitivos viviam em grupos menores, eles podiam
vigiar uns aos outros. Conforme as populações cresceram, tornou-se interessante
“criar” um Deus vigilante no céu, a fim de fazer as pessoas sentirem que não
poderiam realizar más ações sem escapar de punições.
Mas isso não significa que, hoje em dia, por vivermos neste mundo
superpopuloso, a religião seja uma necessidade.
De Waal usa o exemplo da Holanda. Nesse país europeu, a maioria das
pessoas não possui nenhuma crença religiosa – censos já provaram isso. E, no
entanto, esta continua sendo uma sociedade moral. Tem dado certo, digamos,
viver em um lugar onde a religião pode até estar presente, mas não é dominante.
O cientista considera este um “experimento social” interessante: uma
espécie de indicação de que podemos ser morais sem as religiões. Mas reconhece
que não pode estar 100% certo disso, uma vez que, atualmente, não existe uma
sociedade na qual a religião esteja totalmente ausente para basearmos tal
conclusão.
Eu, ainda, continuo defendendo a
existência de sociedades éticas, sem imposições, suborno de lugar no céu, ou
ameaça de degredo no inferno.
(Baseado na Hypescience).
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