quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Autoexame não substitui mamografia no diagnóstico do câncer de mama

 Médicos recomendam acompanhamento regular para identificar 

fatores de risco e necessidade de realizar exames




O Outubro Rosa se tornou um mês de extrema importância para a saúde da mulher. Mas, ao mesmo tempo em que as campanhas ajudam na busca por atendimentos, exames e conhecimento sobre o câncer de mama, a profusão delas também pode espalhar dados não tão precisos sobre a doença e despertar muitas dúvidas entre a população, o que reforça a importância de avaliar sempre a fonte da informação. 


Uma das preocupações dos médicos especialistas é com relação ao autoexame, composto pela palpação da mama para identificar possíveis alterações. Embora tenha sido amplamente divulgado por campanhas na década passada e ainda apareça em algumas campanhas de Outubro Rosa, ele sozinho não é suficiente para diagnosticar o câncer em estágios iniciais, pois o nódulo maligno precisa ter crescido para ser sentido pelo toque da paciente. O impacto do estímulo equivocado é intensificado pela força das redes sociais.


“O autoexame é muito importante para que a mulher possa se conhecer, perceber as alterações. Mas ele não substitui os exames de imagem, mesmo quando a mulher não consegue perceber alguma mudança. Os exames de rastreamento são fundamentais. Na maioria da população, o recomendado é a mamografia anual a partir dos 40 anos. Mas, em mulheres com risco mais elevado, como histórico familiar, alguma radiação do tórax ou biópsia com lesões chamadas precursoras do câncer, pode ser indicada uma redução da idade inicial ou outros exames”, explica a médica Mirela Ávila, radiologista mamária e diretora do Centro Diagnóstico Lucilo Ávila, que neste ano realiza a campanha “Cuidado hoje, vida amanhã”.


Apesar da baixa eficácia do autoexame como principal ferramenta de diagnóstico precoce, 63% das entrevistadas na pesquisa “Câncer de Mama no Brasil: Desafios e Direitos”, realizada pelo Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), acreditam que é a principal medida para a detecção precoce do câncer de mama. Entre as mulheres com mais de 60 anos, o índice sobe para alarmantes 68%. 



A forma primária indicada pelas entidades médicas brasileiras e internacionais para o rastreio do câncer de mama é a mamografia, exame de imagem disponível tanto do Sistema Único de Saúde quanto na rede privada, com cobertura obrigatória dos convênios médicos. A Sociedade Brasileira de Mastologista e o Colégio Brasileiro de Radiologia preconizam a realização anual da mamografia a partir dos 40 anos de idade, enquanto o Ministério da Saúde estipula os 50 anos como o marco para começo do rastreio. 


O baixo custo aliado à possibilidade de encontrar tumores em fases iniciais torna a mamografia uma aliada indispensável na luta para diminuir os índices de mortalidade do câncer de mama, que leva cerca de 18 mil brasileiras a óbito e tem 74 mil casos diagnosticados anualmente no país, de acosto com estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca). A doença é o segundo tipo mais comum de câncer entre as mulheres no mundo - atrás apenas do câncer de pele não melanoma - e corresponde a cerca de 20,3% dos novos casos identificados no Brasil. 


A mamografia permite descobrir o câncer quando a doença ainda está incipiente e os tumores são pequenos, imperceptíveis ao toque, e as chances de cura são maiores: chegam a até 95%, de acordo com os novos estudos internacionais, quando a paciente conta com acompanhamento adequado. Infelizmente, mais de 40% dos casos no país têm sido descobertos em estágios avançados e apenas 34% no SUS e 48% na rede privada conseguem começar o tratamento no prazo de 60 dias estabelecido pela Lei nº 12.732/12.


Os números mostram a urgência de reforçar a importância da mamografia e de outros exames prescritos de forma individualizada pelos médicos para cada caso específico, além de rebater a ideia do autoexame como estratégia de rastreio. O toque é recomendado para todas as mulheres, de todas as idades, no intuito de conhecer o próprio corpo e perceber quaisquer alterações, sejam elas benignas ou malignas. Ele deve ser estimulado em outubro e durante todo o ano, mas não como substituto do exame para descobrir o câncer de mama no período apropriado ao início do tratamento. 


SERVIÇO

O que: Campanha “Cuidado hoje, vida amanhã”, do Centro Diagnóstico Lucilo Ávila

Quando: de 1 a 31 de outubro de 2024

Sugestão de entrevista: Mirela Ávila e equipe de Mama do CDLA




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