sábado, 8 de março de 2025

De Lyra a Jerônimo: mesmo bem avaliados, governadores do nordeste veem rivais fortes na disputa em 2026

Chefes do Executivo de Pernambuco e da Bahia aparecem atrás de adversários de famílias tradicionais em pesquisa

Com informações O Globo

Raquel Lyra é governadora de Pernambuco e Jerônimo Rodrigues comanda a Bahia — Foto: Montagens de fotos de divulgação

Apesar de aprovados pela maioria da população, os governadores dos dois estados nordestinos que tiveram pesquisas recentes divulgadas pela Genial/Quaest ainda não conseguem converter em intenção de voto a boa avaliação. Esse é o cenário enfrentado por Raquel Lyra, de Pernambuco, e Jerônimo Rodrigues (PT), da Bahia, que pretendem disputar a reeleição no próximo ano. Lyra vai trocar o PSDB pelo PSD na segunda-feira, quando está marcada sua filiação.

O que prejudica os dois — em maior grau para Lyra, em menor para Jerônimo — é o poder eleitoral de adversários políticos locais. A pernambucana, aprovada por 51% da população, deve enfrentar o prefeito do Recife, João Campos (PSB), que tem na pesquisa sobre a eleição 56% das intenções de voto, o dobro dos 28% da atual comandante do Palácio do Campo das Princesas. Já o baiano, com aprovação de 61%, vê como possível opositor o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). Na Quaest, Neto pontua 42%, e Jerônimo, 38%.

Campos e Neto são de famílias políticas tradicionais em seus estados, além de terem se consolidado como líderes populares à frente das prefeituras de capitais. O recifense está no segundo mandato, e o soteropolitano deixou o cargo ao fim de 2020, depois de emplacar o aliado Bruno Reis (União Brasil) como sucessor.

Ambos têm como desafio expandir para o interior a força que possuem na Região Metropolitana, o que hoje parece mais consolidado para Campos, e enfrentar o peso das máquinas estaduais durante a campanha. Em 2022, ACM Neto largou como favorito na disputa e chegou a liderar por ampla margem as pesquisas, que indicavam possibilidade de vitória no primeiro turno. Mas, diante da força do PT na Bahia, Jerônimo arrancou e acabou vencendo a eleição.

O que pode pesar a favor do carlismo, como é conhecida a cultura política iniciada pelo avô do ex-prefeito, o ex-governador Antônio Carlos Magalhães, é a queda de 19 pontos percentuais em dois meses na aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado — hoje, é de apenas 47%, também de acordo com a Genial/Quaest.

Mas, dado que falta mais de um ano e meio para a eleição, ainda não é possível saber se a piora do petista é circunstancial ou definitiva. Em 2022, Lula venceu Jair Bolsonaro (PL) por 72% a 28% na Bahia. O partido governa o estado desde 2007, quando desbancou o então PFL, com dois mandatos seguidos do hoje senador Jaques Wagner e dois de Rui Costa, atual chefe da Casa Civil de Lula, que passou o cargo para Jerônimo.

Troca de partido

Em Pernambuco, a nacionalização tem contornos diferentes, sem polarização nítida. Ao contrário: Raquel Lyra decidiu migrar do oposicionista PSDB para o PSD em fevereiro justamente para facilitar a aproximação com Lula. O ato de filiação será na semana que vem, com a provável presença de ministros do partido.

Há meses a governadora era estimulada por uma ala do PT mais simpática a ela, sobretudo o ministro da Casa Civil, Rui Costa. João Campos, no entanto, é hoje um importante aliado do presidente e vai assumir em maio o comando nacional do PSB, o que tende a aumentar o próprio cacife nas negociações para as eleições de 2026. Lyra tenta ao menos neutralizar o apoio de Lula a João Campos no ano que vem.

O desafio da governadora, avaliam políticos pernambucanos, é a comparação com João Campos. Ela tem uma gestão com índices razoáveis de aprovação, mas aliados se preocupam com o grau de popularidade do prefeito, além da memória política sobre a família dele no estado. O pessebista é filho do ex-governador Eduardo Campos e bisneto do também ex-governador Miguel Arraes.

Curvas diferentes

Aliados de Raquel Lyra apostam nos investimentos do governo do estado para equilibrar a disputa nos próximos meses. Como desafio, contudo, apontam o próprio perfil de Lyra como governadora. Ela é considerada desconfiada e centralizadora na gestão.

A governadora também vai pior que Jerônimo Rodrigues em outros pontos da pesquisa considerados importantes para entender o humor do eleitorado. Perguntados se Raquel Lyra merece ou não continuar no governo, a maioria (52%) dos entrevistados diz que não, contra 44% que respondem de forma positiva. No caso do governador baiano, a maior parte (50%) considera que sim, ante 44% que avaliam que não.

A curva, ou “filme”, das pesquisas também joga mais a favor do petista. Jerônimo Rodrigues melhorou em sete pontos percentuais a aprovação do governo de um levantamento para outro, enquanto a pernambucana oscilou três pontos para baixo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário