Por Edmar Lyra
Depois de alguns meses de leve recuperação nas pesquisas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva parece ter atingido um teto nas intenções de voto para 2026. O levantamento do instituto Paraná Pesquisas, realizado entre 6 e 10 de novembro, mostra que a tendência de crescimento do petista, observada no segundo semestre, perdeu força. Em todos os cenários testados, Lula oscilou negativamente, o que sinaliza que o ambiente político e econômico do país voltou a gerar dúvidas sobre sua capacidade de ampliar apoio fora da base tradicional da esquerda.
No confronto direto com o ex-presidente Jair Bolsonaro — ainda inelegível, mas mantido como referência simbólica da direita —, o petista caiu de uma vantagem de seis pontos registrada em outubro para um empate técnico: 35,6% contra 32,1%. O resultado, dentro da margem de erro de 2,2 pontos percentuais, indica que o bolsonarismo segue vivo e resiliente, mesmo sem o seu principal líder autorizado a concorrer. A polarização, portanto, continua ditando o ritmo da sucessão presidencial.
Outros nomes testados reforçam a mesma leitura. Contra Flávio Bolsonaro, Lula ainda vence com folga — 36,3% a 19,7% —, mas também aparece em leve queda. Na simulação com Michelle Bolsonaro, ambos oscilaram negativamente, mantendo a diferença praticamente estável. Já diante do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a disputa começa a adquirir contornos mais competitivos: o petista recua ligeiramente, enquanto o nome do Republicanos dá sinais de crescimento, impulsionado pela vitrine paulista e pela tentativa de se consolidar como herdeiro político de Bolsonaro.
Nos cenários de segundo turno, o panorama é semelhante. Lula permanece numericamente à frente de todos os adversários, mas já aparece tecnicamente empatado com os principais nomes da direita. A exceção é Flávio Bolsonaro, contra quem o petista mantém uma vantagem segura fora da margem de erro. Essa aproximação nos números não significa, necessariamente, uma virada no tabuleiro, mas revela um desgaste precoce para um presidente que ainda tem mais de um ano e meio de mandato pela frente.
Os dados do Paraná Pesquisas, que ouviu 2.020 eleitores em 164 municípios de 26 estados e do Distrito Federal, refletem um sentimento de estagnação no governo. Apesar de avanços pontuais na economia e na pauta social, o Planalto enfrenta ruídos de comunicação, impasses políticos no Congresso e um humor difuso do eleitorado diante de temas como inflação, juros e segurança pública.
Lula ainda é o favorito — pela força do cargo e pela ausência de uma oposição plenamente articulada —, mas o alerta está dado. Sua curva de intenção de voto parou de subir, e a margem de conforto diminuiu. A direita, por sua vez, mesmo sem um nome único, mantém musculatura e alternativas viáveis para a sucessão. O cenário de 2026 tende a repetir a velha polarização, mas com nuances novas: um Lula mais desgastado e uma direita mais fragmentada, porém competitiva. O jogo, ao que tudo indica, voltou a ficar completamente aberto.

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