Por Edmar Lyra
Encerrando sua participação na COP30, em Belém, a governadora Raquel Lyra reafirmou uma aposta que vai muito além da retórica ambiental: fazer de Pernambuco um polo estratégico na transição energética e no novo ciclo de desenvolvimento sustentável que o Brasil precisa trilhar. Ao representar o Estado na 13ª Reunião Anual de Alto Nível da Iniciativa Caring for Climate, promovida pelo Pacto Global da ONU, Raquel foi a única governadora brasileira presente — sinal claro de que a agenda climática e a atração de investimentos verdes estão no centro de sua política de desenvolvimento.
Em um evento dominado por grandes players globais e CEOs de multinacionais como Neoenergia, Heineken, Enel e PepsiCo, Raquel destacou o potencial do Nordeste como motor da descarbonização da economia mundial. “O mundo olha hoje para o Nordeste brasileiro como parte da solução”, afirmou. Pernambuco, segundo ela, está preparado para liderar essa transformação, unindo inovação, inclusão social e sustentabilidade. O discurso dialoga diretamente com um novo reposicionamento do Estado no cenário nacional: menos dependente de incentivos fiscais e mais voltado à economia de baixo carbono, inovação tecnológica e energias limpas.
A presença de Raquel Lyra na COP30 também marca uma tentativa de reposicionar Pernambuco no mapa dos investimentos internacionais. Ao se conectar com a agenda global de descarbonização e com o setor privado que financia soluções sustentáveis, o governo busca transformar o Estado em vitrine de projetos que conciliam crescimento econômico e responsabilidade ambiental. Essa estratégia já começa a se materializar em iniciativas concretas — como o projeto Noronha Verde, desenvolvido em parceria com a Neoenergia, que pretende tornar Fernando de Noronha o primeiro território brasileiro 100% abastecido por energia solar e sistemas de armazenamento em bateria.
Além da vitrine internacional, Raquel também aproveitou a COP para anunciar o PErifaClima, um projeto financiado pelo Governo de Pernambuco, através do Fundo Estadual de Habitação Social (Fehis). A iniciativa, que combina monitoramento comunitário e educação climática, tem um viés social marcante: empoderar as comunidades periféricas para participarem da governança territorial e das políticas ambientais. Trata-se de um passo importante na direção de uma “transição justa” — conceito que ganhou força na COP30 e que reforça a necessidade de que os benefícios da economia verde alcancem também os mais vulneráveis.
Ao longo dos últimos meses, Raquel Lyra tem procurado projetar sua imagem como uma liderança política moderna, conectada às causas globais e capaz de inserir Pernambuco nesse debate de futuro. Ao defender uma agenda verde articulada com inclusão e inovação, ela dialoga tanto com investidores quanto com a opinião pública que vê na sustentabilidade uma pauta de desenvolvimento e não apenas de preservação.
Em um momento em que o mundo discute o colapso climático e a necessidade de reconfigurar os modelos produtivos, Pernambuco quer se apresentar como protagonista — e Raquel, como a gestora que entende que o futuro não está em repetir velhos modelos, mas em reinventá-los. Se conseguir traduzir a visibilidade conquistada na COP30 em investimentos concretos, poderá transformar o discurso ambiental em um ativo político e econômico de longo alcance.

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