terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Inflação dos produtos mais consumidos no verão chega a 9,25%


Depois de assustar os brasileiros batendo os 10,67%, a inflação cedeu e fechou 2016 em 6,29%, segundo o IPCA. A desaceleração, no entanto, não chegou aos produtos mais consumidos nesta época de calor. De acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quando se fala de passagens aéreas, frutas, bebidas, protetor solar e ventilador, o índice que mede a variação de preços chega a 9,25%. É a chamada inflação do verão, que ainda pode crescer até o fim da estação.
Responsável pelo estudo, o economista André Bráz explica que os 9,25% equivalem à alta de preços registrada entre janeiro e dezembro de 2016, que não têm relação com a época do ano, mas ao início dos reajustes sazonais. As passagens aéreas, por exemplo, subiram durante o ano passado já que, ao virem suas vendas caírem por conta da crise, as companhias aéreas diminuíram a oferta de voos. E os bilhetes ainda receberam os reajustes típicos das épocas de alta procura, como as férias e os feriados, em dezembro. O item acumulou, portanto, uma elevação de 35,92%, o mais alto da pesquisa.
A inflação do verão não deixou imune nem quem desistiu de viajar. É que se refrescar também ficou mais caro. As frutas, por exemplo, subiram 14,99% devido ao impacto da estiagem prolongada na produção. Já os refrigerantes e a cerveja ficaram mais caros por conta do aumento de impostos. Foram altas de 10,88% e 9,35%, respectivamente. Também não escaparam do reajuste o suco de fruta (12,34%), o sorvete (8,76%) e o protetor solar (7,4%); muito menos os itens que costumam movimentar as lojas de eletrônicos nesta época do ano. Neste caso, no entanto, a inflação foi mais branda e ficou abaixo do índice oficial de 2016. Os ventiladores, por exemplo, subiram 5,96%. Já as geladeiras ficaram 3,47% mais caras e os ares-condicionados, 3,13%.
Esses índices, no entanto, ainda podem aumentar, segundo Braz. O economista explica que os preços tendem a variar de acordo com a procura e a oferta no restante do verão, que segue até 20 de março. “Os 9,25% correspondem ao aumento acumulado nos últimos 12 meses, mas ainda pode haver o aumento associado à estação”, diz André. “Locais como os bares próximos da praia tendem a aumentar seus preços já que seu público tem uma disposição maior para pagar. Até porque, quem está de férias não faz conta todo dia para ver onde é mais barato”, completa o professor de economia da UFRPE Luiz Maia.

Quedas
Apesar da tendência de alta sazonal, o trade turístico tem tentado deixar os preços estáveis para atrair o público nestas férias marcadas pela contenção de custos da crise, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco - ABIH-PE. E a prova disso está na pesquisa da FGV. O estudo mostra que, apesar da alta nas passagens aéreas, as estadias de hotéis e as excursões de turismo ficaram 1,62% e 1,56% mais baratas, respectivamente. “As passagens obedecem a uma dinâmica internacional, mas os hotéis não. E, diante da recessão nacional, houve uma queda no fluxo de turistas. Foi preciso baixar os preços”, argumenta Maia.

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