Depois de assustar os brasileiros batendo os
10,67%, a inflação cedeu e fechou 2016 em 6,29%, segundo o IPCA. A
desaceleração, no entanto, não chegou aos produtos mais consumidos nesta época
de calor. De acordo com pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), quando se
fala de passagens aéreas, frutas, bebidas, protetor solar e ventilador, o
índice que mede a variação de preços chega a 9,25%. É a chamada inflação do
verão, que ainda pode crescer até o fim da estação.
Responsável pelo estudo, o economista André Bráz
explica que os 9,25% equivalem à alta de preços registrada entre janeiro e
dezembro de 2016, que não têm relação com a época do ano, mas ao início dos
reajustes sazonais. As passagens aéreas, por exemplo, subiram durante o ano
passado já que, ao virem suas vendas caírem por conta da crise, as companhias
aéreas diminuíram a oferta de voos. E os bilhetes ainda receberam os reajustes
típicos das épocas de alta procura, como as férias e os feriados, em dezembro.
O item acumulou, portanto, uma elevação de 35,92%, o mais alto da pesquisa.
A inflação do verão não deixou imune nem quem
desistiu de viajar. É que se refrescar também ficou mais caro. As frutas, por
exemplo, subiram 14,99% devido ao impacto da estiagem prolongada na produção.
Já os refrigerantes e a cerveja ficaram mais caros por conta do aumento de
impostos. Foram altas de 10,88% e 9,35%, respectivamente. Também não escaparam
do reajuste o suco de fruta (12,34%), o sorvete (8,76%) e o protetor solar
(7,4%); muito menos os itens que costumam movimentar as lojas de eletrônicos
nesta época do ano. Neste caso, no entanto, a inflação foi mais branda e ficou
abaixo do índice oficial de 2016. Os ventiladores, por exemplo, subiram 5,96%.
Já as geladeiras ficaram 3,47% mais caras e os ares-condicionados, 3,13%.
Esses índices, no entanto, ainda podem aumentar,
segundo Braz. O economista explica que os preços tendem a variar de acordo com
a procura e a oferta no restante do verão, que segue até 20 de março. “Os 9,25%
correspondem ao aumento acumulado nos últimos 12 meses, mas ainda pode haver o
aumento associado à estação”, diz André. “Locais como os bares próximos da
praia tendem a aumentar seus preços já que seu público tem uma disposição maior
para pagar. Até porque, quem está de férias não faz conta todo dia para ver
onde é mais barato”, completa o professor de economia da UFRPE Luiz Maia.
Quedas
Apesar da tendência de alta sazonal, o trade turístico tem tentado deixar os preços estáveis para atrair o público nestas férias marcadas pela contenção de custos da crise, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco - ABIH-PE. E a prova disso está na pesquisa da FGV. O estudo mostra que, apesar da alta nas passagens aéreas, as estadias de hotéis e as excursões de turismo ficaram 1,62% e 1,56% mais baratas, respectivamente. “As passagens obedecem a uma dinâmica internacional, mas os hotéis não. E, diante da recessão nacional, houve uma queda no fluxo de turistas. Foi preciso baixar os preços”, argumenta Maia.
Apesar da tendência de alta sazonal, o trade turístico tem tentado deixar os preços estáveis para atrair o público nestas férias marcadas pela contenção de custos da crise, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis em Pernambuco - ABIH-PE. E a prova disso está na pesquisa da FGV. O estudo mostra que, apesar da alta nas passagens aéreas, as estadias de hotéis e as excursões de turismo ficaram 1,62% e 1,56% mais baratas, respectivamente. “As passagens obedecem a uma dinâmica internacional, mas os hotéis não. E, diante da recessão nacional, houve uma queda no fluxo de turistas. Foi preciso baixar os preços”, argumenta Maia.
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