A proposta é estabelecer uma relação de confiança entre indústria e pecuarista para atender demandas do consumidor final
Uma faixa crescente de consumidores de carne bovina de qualidade surge no Brasil a cada ano. É uma clientela preocupada com o sabor, a maciez e a aparência do produto oferecido nas gôndolas dos supermercados, empórios de carne, restaurantes e food services.
Preocupado em atender a essa demanda o frigorífico Masterboi decidiu adotar um novo parâmetro de qualidade para os abates dos bovinos em suas plantas. Em uma primeira etapa do processo, desenvolverá um Programa de Qualidade de Carne Bovina Nelore.
O objetivo é ajudar os fornecedores a melhorar a qualidade do rebanho regional diminuindo a idade de abate para uma faixa entre 18 e 20 meses, com ganho de peso de 20@ e aumento do rendimento das carcaças. Algo nunca antes realizado no Brasil.
O trabalho será realizado em conjunto com o Grupo Adir, que possui propriedades em Nova Crixás (GO) e Ribeirão Preto (SP), e há 57 anos se dedica ao melhoramento genético da raça Nelore a pasto. Neste início de projeto, os abates ocorrerão normalmente e serão remunerados conforme o preço de mercado.
A segunda fase envolverá o fornecimento somente de animais fechados na genética ADIR. A partir dessa fase os produtores receberão bônus financeiro pela qualidade da carcaça. "O Brasil é hoje, um grande produtor de carcaças, mas precisa alcançar a excelência na produção de carnes. Há um público que exige produtos de qualidade superior e acreditamos que a parceria com o Grupo Adir nos ajudará a atender essa demanda", afirma Amaro Rodero, diretor do grupo Masterboi.
Rodero aposta nos pecuaristas e afirma que o Grupo Adir demonstrou que com abates técnicos e seleção genética é possível produzir a carne que os consumidores desejam. "É possível desenvolver um bom animal e ser remunerado pela excelência produzida", complementa.
O Frigorífico Masterboi abate 500 mil cabeças por ano e para que todos os animais estejam enquadrados no futuro programa, 2 milhões de vacas serão inseminadas com genética ADIR. “Sem dúvida, esse será o maior programa de melhoramento genético visto no Brasil, e consequentemente com a valorização financeira dos animais ocorrendo no gancho”, acredita Paulo Leonel, diretor do Grupo Adir.
“O mais interessante dessa proposta é que ela estreita a relação entre indústria e pecuaristas, porque realmente valoriza a qualidade do produto diferenciado. Bem diferente do que vemos por aí, onde, na verdade, os pecuaristas são penalizados quando não fornecem dentro dos parâmetros dos programas”, observa Leonel.
Qualidade de carcaça
Com quase 60 anos de seleção na raça Nelore, o Grupo Adir destaca-se pela padronização e a funcionalidade do rebanho Nelore criado a pasto, o que gera animais abatidos ainda em idade jovem, com o peso, o acabamento e o rendimento de carcaça desejados pela indústria.
Apesar da alta temperatura e a criação em sistema extensivo em Nova Crixás, por exemplo, os bezerros ADIR desmamam com peso superior a 230kg. “Os animais que não conseguem viver bem e a pasto são descartados”, resume o diretor. Quando submetidos ao regime de confinamento os ganhos tornam-se exponenciais.
Abate técnico de touros
Provavelmente, o que mais chamou a atenção do grupo Masterboi é o projeto inovador iniciado em outubro de 2014 pelo Grupo Adir com a coordenação do professor doutor Sérgio Pflanzer, chefe da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, em Campinas (SP), que tem por finalidade provar touros por meio de abates técnicos.
“Comprovamos que os animais desejáveis necessitam ser férteis, adaptados, equilibrados, com aprumos perfeitos, linha dorsal plana e racial preservado, pois sem ele é impossível obter padronização de carcaças”, explica Paulo Leonel.
O processo compreendeu o abate de dez filhos de cada touro (comprovados por exame de DNA), com idade entre 18 e 19 meses, criados e recriados a pasto e terminados em confinamento. Já foram comprovados Jiandut FIV, Jallad FIV da 2L e Palluk POI FIV da 2L (linhagem Golias), OPUS FIV do Brumado (linhagem Jeru) e Naman FIV da 2L (linhagem Visual).
Os resultados são interessantes e mostram novilhos Nelore com peso médio de 18@, rendimento de carcaça entre 57 e 59% e espessura de gordura subcutânea (EGS) de 4 a 6 mm.
Parcerias de peso
A iniciativa é coroada por avaliações de carcaça feitas in vivo por ultrassonografia pela DGT Brasil, que revelaram o touro Nelore número um em marmoreio: Quanupur da 2L, superando outros 500 mil animais. Os resultados apresentados chamaram a atenção dos dois maiores projetos pecuários do Brasil: a Fazenda Nova Piratininga, uma propriedade de 135 mil hectares em São Miguel do Araguaia (GO), e a Fazenda Conforto, em Nova Crixás, o maior confinamento do Brasil, com mais de 100 mil animais comercializados por ano.
Para a Piratininga, foram negociadas 90 mil doses de sêmen. A Fazenda Conforto inaugurou um programa para compra de bezerros com genética exclusiva ADIR. O prêmio pode chegar a 20% sobre o indexador boi gordo CEPEA-GO a prazo. “No Grupo ADIR, não vendemos sêmen ou touros, disponibilizamos uma filosofia de produção sustentável”, conclui Paulo Leonel.
Pec Press® - Imprensa Agropecuária
Adilson Rodrigues – Jornalista Responsável (Mtb 52.769)
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