O relatório da Polícia Federal apresentado na tarde desta segunda (6), pelo delegado Rubens Mailener, concluiu a causa do acidente que vitimou o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos e os seus assessores. O documento aponta falha mecânica como sendo a causa do acidente. O delegado trabalhou com 10 hipóteses, das quais quatro continuam possíveis, quase todas elas apontando para defeito na aeronave. Segundo o relatório, a causa mais provável seria um problema no profundor ou compensador da aeronave, localizados na cauda do avião com a função de diminuir a forca necessária a ser exercida pelo piloto durante as manobras.
Em um breve pronunciamento à imprensa, o Ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann disse ter acompanhado a apresentação do relatório em atenção à família do ex-governador, mas que a questão é eminentemente técnica e que ele não tem mais nada declarar. Já João Campos, filho do ex-governador, falou à imprensa em nome da família e mostrou confiança no trabalho dos investigadores. “Reconhecemos o importante trabalho da PF nessa investigação. É uma angústia da família, pois estamos completando quatro anos de acidente, mas entendemos que essa demora foi para que fosse feito o melhor trabalho possível”, disse.
João Campos referendou o relatório apresentado e evitou especulações sobre acidente premeditado. “O delegado Rubens Mailener é uma pessoa muito séria, que conduziu os casos mais relevantes do país como o acidente com o avião do ministro do STF Teori Zavascki, o acidente da Gol e da Air France. Ele descarta a possibilidade de sabotagem. Nós vamos olhar os autos, mas estamos felizes com o tratamento que recebemos e com a disponibilidade dos peritos. Não tivemos acesso a todos os documentos e por isso não vou falar de forma precipitada”.
"Sabotagem"
Contrariando esse entendimento, o advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador apontou para a possibilidade de acidente criminoso. “Essa falha técnica pode ter sido tecnicamente preparada como uma bomba relógio e ser previamente planejada. Ficou claro que não foi falha humana que derrubou Eduardo campos. O que derrubou o avião foi falha mecânica. Isso leva à uma segunda hipótese de que foi sabotagem. Quando o relatório chegar ao MPF vamos requerer diligências complementares” disse.
Pré-candidato a deputado federal, Antônio Campos (Podemos) divulgou um parecer técnico do comandante Carlos Camacho, especialista em acidentes aéreos, em que é apresentada uma série de nove acidentes com aeronaves Cessna Citation, de modelos das séries 500 e 600, ocorridos em diversas partes do mundo entre 2001 e 2016. É esse documento que Campos anexou aos autos da ação movida contra a União e a empresa fabricante do avião.
“Há um erro claro de projeto do avião que causa um problema operacional sério. A asa que existe na cauda produz movimentos aerodinâmicos que, em casos de voos em altura baixa, pode levar a um mergulho fatal e não existe (nesses modelos Cessna) um aviso sonoro para que a tripulação possa reagir a tempo de evitar a tragédia”, explicou Camacho ao Estado.
Segundo Antônio Campos, na reunião com os familiares houve o questionamento sobre a desorientação espacial, porém esta indagação foi considerada pelo delegado como a mais improvável das que restaram. "Levantei essa tese no inquérito com assistentes técnicos e há registros na imprensa disto", conta Campos.
Para Antônio Campos, ficou claro que não houve falha humana, ao contrário das conclusões do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). “O que pretendo aprofundar, perante o Ministério Público Federal e ao juiz a quem será encaminhado o procedimento, é se essa falha mecânica pode ter sido tecnicamente preparada como uma bomba-relógio, o que caracterizaria sabotagem”, declarou. “O delegado Rubens Maleiner fez um grande trabalho, mas as investigações ainda não acabaram”, conclui.
Causas prováveis
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