terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Movimentos repetitivos nas mãos podem causar uma doença chamada Dedo em Gatilho

 Dr. Luís Filipe Lessa, ortopedista do SEOT, apresenta os estágios, sintomas, diagnósticos e tratamentos desse problema

 


Um dos problemas mais comuns entre as pessoas que realizam movimentos repetitivos e esforços contínuos com as mãos é o chamado Dedo em Gatilho. Não há números exatos de quantos casos são registrados no mundo, mas os especialistas apontam que as mulheres e pacientes que sofrem de artrite reumatoide ou diabetes são mais propensos a desenvolver a doença.  Em regiões onde o trabalho com as mãos é intenso, que têm grande atividade industrial, principalmente na área têxtil, por causa do uso, entre tantas ferramentas, de tesouras, os casos também são grandes. Integrante das tendinopatias, o Dedo em Gatilho se dá devido à inflamação na prega distal da mão, na base dos dedos. Nessa região, o tendão que fecha os dedos passa por dentro do túnel osteofibroso. Os movimentos de flexão e tensão de forma repetitiva engrossam o túnel ou o tendão, causando o travamento dos dedos.

 

Trata-se de uma doença evolutiva, ou seja, o paciente consegue distinguir uma progressão do problema, tendo portanto, quatro estágios, como afirma o médico ortopedista Luís Filipe Lessa, especialista em mão e microcirurgia do SEOT (Santa Efigênia Ortopedia e Traumatologia): ”o primeiro estágio é o de pré-gatilho, quando o dedo não fica travado ainda, mas há dor na região distal da mão e em todo o dedo – nessa fase, o paciente pode sentir o dedo mais inchado e um pouco mais vermelho; no segundo estágio, o dedo começa a fazer um travamento aleatório, às vezes trava, às vezes não e o destravamento acontece de forma fácil; no terceiro estágio, o dedo fecha, trava e o paciente precisa usar a outra mão pra destravar; e no quarto estágio, o dedo não consegue nem mais fechar, porque o edema já é tão grande que o tendão não consegue mais deslizar pelo túnel”.

 

Em relação ao tratamento, o ideal, de acordo com Luís Filipe Lessa, é que a doença seja diagnosticada ainda nas fases mais precoces, para facilitar a recuperação do paciente. “O tratamento vai desde o uso de órteses, que seja uma tala ou uma imobilização; medicações anti-inflamatórias; fisioterapia, que é um fator muito importante; infiltrações, quando conseguimos destravar o dedo lesionado, fazendo uma injeção com corticoides na região afetada; e, em último caso, realizar uma intervenção cirúrgica”, explica o especialista. Mas, para prevenir o surgimento do problema, as pessoas que trabalham com esforços repetitivos podem se valer de uma atitude importante, como aconselha o ortopedista: “é preciso que sejam feitas pausas temporárias durante o trabalho para a realização de sessões de alongamentos da região distal das mãos, para que haja uma extensão da bainha tendinosa”.

 

Normalmente, o paciente tem os sintomas pela manhã, pois à noite, devido à imobilidade noturna involuntária, as doenças inflamatórias acumulam uma quantidade de secreção, ou seja, de líquido inflamatório. Com isso, o paciente acorda com a sensação de que a mão e os dedos estão mais grossos, rígidos; durante o dia, ele começa a soltar a mão e é aí que vão surgindo os travamentos e o diagnóstico clínico. “Aos primeiros sinais de desconforto e de alterações nos movimentos dos dedos, é de fundamental importância que a pessoa procure um especialista para que seja feito o diagnóstico preciso do problema para que seja iniciado, de imediato o tratamento”, conclui Luís Filipe Lessa.     

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