domingo, 17 de abril de 2022

As contradições e fragilidades de Marília Arraes

 

Foto: Divulgação

Hostilizada no PT há pelo menos duas eleições majoritárias, Marília Arraes luta com toda sua energia para tentar liderar em Pernambuco um palanque alternativo para Lula, mas, sem opção, foi forçada a deixar as hostes petistas e terminou por se filiar a um dos mais importantes partidos do Centrão, o Solidariedade.

Agora, corre risco de a legenda parar no palanque de Bolsonaro. Esta possibilidade já foi sinalizada pelo deputado federal paulista Paulinho da Força Sindical, que abonou a sua ficha de filiação. Paulinho vinha tentando levar o Solidariedade para o palanque nacional de Lula, mas depois de ter sido recebido com vaias e gritos de golpista em evento fechado do PT, vazaram gravações de um diálogo entre ele e o ministro Ciro Nogueira, um dos principais articuladores da reeleição de Bolsonaro.

Não são poucas as contradições e fragilidades de Marília na disputa ao governo. estas não param em Paulinho, cuja atuação durante o impeachment de Dilma Rousseff destacou-se por causa de cenas pitorescas como aorganização de um bolão de apostas em torno do placar contra Dilma ou a repercussão nacional que o deputado ganhou ao cantar na Câmara uma espécie de hino: “Dilma vá embora, que o Brasil não quer você!”.

O próprio Lula tem feito questão de fortalecer a aliança com o PSB, arquirrival de Marília no Estado. A direção nacional do PT também encerrou a relação irritada com o voo solo que a neta de Arraes já vinha seguindo no Congresso Nacional, como aconteceu na disputa por um cargo na Mesa Diretora da Câmara.

A máquina do governo do Estado, controlada pelos socialistas, com Paulo Câmara no cargo, já mostrou do que é capaz de fazer em termos de agressões contra Marília, como aconteceu na eleição municipal do Recife e nas eleições anteriores, quando o próprio Eduardo Campos a atacava com força, renegando inclusive seus laços familiares.

Mas não é só isso. Marília é a única candidata, entre os mais importantes concorrentes ao Governo de Pernambuco, a não ter experiência administrativa. Lá atrás, na gestão de Geraldo Júlio, esteve à frente de uma secretaria, a de Juventude, sem estrutura, sem orçamento e numa sala onde mal cabiam três pessoas, incluindo ela, diferente de seus adversários, que foram gestores de cidades importantes ou de pastas de grande porte em nível estadual.

Além disso, Marília caminha praticamente sozinha, sem um significativo arco de alianças. Seu tempo de televisão e rádio poderá ser o mesmo de uma candidatura nanica. Ela não tem máquina partidária nem exércitos. Tem o apoio de alguns prefeitos, mas mesmo isso é relativo. Veja o que aconteceu no ato em que recebeu o apoio de Yves Ribeiro, de Paulista. Atrasou horas e quase não aconteceu por causa dos protestos dos professores da rede municipal. Ter apoio não basta, é preciso saber se as gestões aliadas são bem avaliadas.

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