quarta-feira, 27 de novembro de 2024

O tiro pode sair pela culatra

 

Foto: Reprodução/O Globo

Por Edmar Lyra

O indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por ter idealizado um golpe de estado não consumado acontece num momento de total fragilidade do governo Lula, que vê os índices econômicos piorarem a cada dia e nem sombra de recuperação no sentido de garantir um bem-estar e reverter a baixa popularidade.

Lula foi eleito às custas de um movimento que claramente atuou no sentido de inviabilizar a reeleição de Jair Bolsonaro, encontrando um país dividido e diferente daquele que ele teve em 2003 quando assumiu pela primeira vez a presidência da República.

Desde que assumiu, Lula nunca conseguiu pacificar o país, muito pelo contrário, tem visto seu governo derreter a cada dia. Paradoxalmente, o único nome capaz de Lula enfrentar e ter alguma chance de vitória seria o próprio Jair Bolsonaro, devido à rejeição cristalizada que o ex-presidente possui. Seria um novo duelo de rejeições com uma tentativa de reedição do sistema que elegeu Lula em 2022.

A partir do momento em que novas denúncias acontecem, as chances de reversão da inelegibilidade de Bolsonaro diminuem, o que favorece o surgimento de outras lideranças, a exemplo do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, e outros nomes menos representativos como Ronaldo Caiado, Pablo Marçal, Romeu Zema, etc.

Com exceção de 1994 e 1998 quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito e reeleito em primeiro turno, todas as disputas presidenciais foram ao segundo turno, o que aponta para um sentimento de total fragilidade de Lula contra um candidato de centro-direita, sem a rejeição de Bolsonaro, mas com grande potencial de capitalizar o voto bolsonarista e atrair o eleitor de centro.

Então, ao avançarem as investigações contra Bolsonaro, dificulta-se a possibilidade de torná-lo elegível, o que paradoxalmente leva Lula ao precipício político, uma vez que seu sucesso depende do antagonismo contra o ex-presidente. Alexandre de Moraes mirou em Bolsonaro e pode atingir Lula com uma bala de prata, inviabilizando suas chances, já remotas, de reeleição.

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