Por Edmar Lyra
O ano de 2025 começa com expectativas de mudanças no alto escalão do governo federal. Assessores próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e líderes dos partidos da base aliada aguardam uma reforma ministerial que pode ser anunciada ainda no primeiro trimestre. As movimentações, iniciadas no fim de 2024, refletem tanto as pressões internas do governo quanto os desafios de fortalecer a governabilidade e pavimentar o caminho para as eleições de 2026.
Até agora, Lula mantém sigilo sobre as alterações. O presidente avalia com cautela as possíveis mudanças, buscando consolidar sua base no Congresso Nacional, atrair novos partidos para sua chapa eleitoral e garantir maior eficiência na execução dos projetos do governo.
A Secretaria de Comunicação (Secom) desponta como um dos pontos mais sensíveis dessa reforma. Lula já manifestou insatisfação com o setor e pode substituir Paulo Pimenta (PT-RS) por Sidônio Palmeira, marqueteiro de sua campanha em 2022. Sidônio ganhou protagonismo nos últimos meses, atuando em eventos estratégicos, como o anúncio do pacote fiscal e a campanha publicitária de fim de ano. Caso a mudança se concretize, Pimenta pode ser deslocado para outro cargo ou retornar à Câmara dos Deputados. Há especulações de que ele assuma a Secretaria-Geral da Presidência, hoje comandada por Márcio Macêdo (PT-SE).
Os partidos do Centrão, essenciais para a governabilidade, também pressionam por mais espaço no governo. PSD, União Brasil, PP, MDB e Republicanos demandam ministérios com maior orçamento e influência. Entre as pastas mais cobiçadas está a da Saúde, comandada atualmente por Nísia Trindade, cuja permanência também é alvo de especulações. Além disso, partidos aliados criticam o espaço ocupado pelo PT, considerado desproporcional, e sugerem redistribuir os 12 ministérios controlados pelo partido. Uma das propostas mais discutidas é entregar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI), liderada por Alexandre Padilha, a um representante do Centrão.
Rumores também cercam os ministros José Múcio Monteiro (Defesa) e Ricardo Lewandowski (Justiça), ambos figuras de confiança do presidente. Há especulações de que o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), prestes a deixar a presidência do Senado, possa assumir a Justiça. No entanto, nenhuma decisão foi oficialmente confirmada.
Lula tem demonstrado um estilo cauteloso e centralizador na definição de cargos estratégicos. Durante a transição de governo e no primeiro ano de mandato, adiou anúncios importantes, reforçando sua posição como principal articulador político. Apesar das tensões geradas na base aliada pela demora em definir mudanças, o presidente segue resistindo a pressões externas.
Com o recesso parlamentar chegando ao fim, o cenário político volta a se aquecer. A reforma ministerial, mais do que uma simples reorganização de cargos, será um teste de força e habilidade política para Lula, que precisa equilibrar os interesses de sua coalizão com as exigências de governabilidade e os desafios eleitorais que já se desenham para 2026.
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