sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Sessão Chão de Cura: Vozes do Terreiro leva axé e filmes ao Bar Super 8

 Nesta terça (4/02), cineclube exibirá os docs Exú Onã: Juventudes tem Axé, de Maxwell Lobato, e participação da psicóloga Aline Oliveira; e FotogrÁFRICA, de Tila Chitunda, representado por Mãe Beth de Oxum, Patrimônio Vivo do Estado


Uma noite dedicada aos povos de terreiros, suas lutas cotidianas e suas potências culturais encantadas será realizada, nesta terça-feira (4), no 
Bar Super 8, no Centro do Recife. A sessão, intitulada Chão de Cura: Vozes do Terreiro e com início às 20h, levará ao cineclube dois documentários que tratam da força e do cotidiano dessa população: Exú Onã: Juventudes Tem Axé, dirigido por Maxwell Lobato, que estará presente junto à Aline Oliveira, psicóloga, coordenadora do projeto cultural Meu Bairro Tem Axé e protagonista do filme; e FotogrÁFRICA, de Tila Chitunda, na ocasião representado por Mãe Beth de Oxum, primeira ialorixá a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco (2022), criadora do Coco de Umbigada e personagem na obra. Quem fará a mediação do debate com o público é a comunicadora popular Lenne Ferreira, do coletivo de jornalismo independente Afoitas

A sessão acontece dois dias após a celebração do Dia de Iemanjá (2 de fevereiro) pelas religiões de matriz africana no País. Também acontece num momento crítico no qual casas de candomblé em Pernambuco foram alvos de ataques de fundamentalistas neopentecostais. Um dos episódios ocorreu no último dia 19 de janeiro, no Terreiro Xambá, em Olinda, território reconhecido como a última linhagem da Nação Xambá no mundo, igualmente detentora do título de Patrimônio Vivo do Estado (desde 2018).

O filme EXU ONÃ: Juventudes Tem Axé fala da potência das vivências e resistências da juventude de terreiro em Cidade Tabajara, em Olinda, e é fruto da pesquisa colaborativa realizada em 2022 por Maxwell Lobato e Helena Dias, com mentoria de Adriana Castro, em parceria com a Agenda Jovem Fiocruz. A partir de experiências vividas no projeto No Meu Bairro Tem Axé, o filme retrata a busca por aquilombamento, o enfrentamento ao racismo e a reafirmação das identidades culturais e religiosas do povo de terreiro. Recentemente, no Mês da Consciência Negra, dia 27 de novembro, o documentário foi exibido no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).

“Uma das palavras que definem minha trajetória é coragem. Desde criança, o racismo e a intolerância religiosa nos adoecem diariamente. Por isso, parece até contraditório ter construído um audiovisual periférico dentro de um processo territorial que promove aceitação, saúde e compartilhamento. Houve momentos em que pensei ter me perdido, mas a força da ancestralidade nos guia. Hoje, estar na Rua Mamede, no Recife, é uma resposta clara de que Exú e a ancestralidade estão vivos na minha vida. Essa vivacidade também está presente neste trabalho e no meu caminho”, opina Maxwell Lobato.

Lançado em 2016, o documentário FotogrÁFRICA foi vencedor da 10ª Edição do Concurso de Roteiros Rucker Vieira e de diversos outros prêmios, além de ser exibido em alguns festivais pelo mundo. O filme é narrado por Dona Amélia, angolana refugiada que recomeçou sua vida em Olinda após deixar sua terra natal na década de 70. A obra traça sua vida da juventude até os dias atuais, e conta como a ligação com sua ancestralidade está presente em seu dia a dia. Além de diretora, roteirista e produtora executiva, Tila Chitunda é a filha de Amélia, e por meio deste trabalho busca suas raízes e reflete sobre as memórias da família de origem africana que ela encontra em Pernambuco.

PROTAGONISTAS DA SESSÃO

Mãe Beth de Oxum é iyalorixá do Ilê Axé Oxum Karê, mestra coquista e comunicadora pernambucana com mais de 30 anos de atuação em Olinda. Há 25 anos, fundou um importante movimento de valorização da cultura popular nordestina, o Coco de Umbigada, no bairro do Guadalupe, em Olinda, junto aos filhos e seu companheiro, o músico Quinho Caetés. Em setembro de 2022, recebeu o título de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade de Pernambuco. Em dezembro do mesmo ano, recebeu da Ordem dos Capelães do Brasil o título honorífico de Dr. Honóris Causa.

Aline Oliveira é mulher cis, negra, psicóloga clínica e social, coordenadora do Meu Bairro Tem Axé e protagonista do documentário Exú Onã: Juventudes tem Axé. Atua na abordagem gestalt-terapia, acolhendo adolescentes e adultos de maneira online ou presencial. Seu compromisso é na psicologia antirracista e decolonial, considerando as demandas de desigualdade social, as pautas LGBTQIAPN+ e de raça como um fator de risco para saúde da população negra.

Lenne Ferreira, fundadora do Afoitas, coletivo de jornalismo formado por comunicadoras negras, é CEO da Aqualtune e atua na produção executiva de eventos e gestão de carreira artística. Foi editora da Alma Preta Jornalismo no Nordeste, e também atuou com assessoria de comunicação em instituições como PretaHub e produção de eventos como Festival FALA, Festival Coquetel Molotov Negócios, Acelerando Negócios Digitais, Festival Rompendo Cercas e Feira da Ancestralidade e Resistência.

Maxwell Lobato é arte-educador, produtor cultural, multi-artista e estudante de Artes Visuais no IFPE Olinda e de Serviço Social na Uniasselvi. Com uma trajetória engajada na promoção de iniciativas culturais e sociais, atuou nos últimos anos como produtor executivo da artista Helena Cristina e CEO do projeto No Meu Bairro Tem Axé e Território Periférico, que buscam ampliar a visibilidade e a defesa dos direitos das manifestações culturais populares, das comunidades de terreiro e das comunidades periféricas.  

Serviço:
Sessão Chão de Cura: Vozes do Terreiro
Terça-feira (4 de fevereiro), às 20h
Bar Super 8 (Rua Mamede Simões, 144, Santo Amaro, Recife – PE)
Gratuito
Mais informações: 81 99902 9896
@barsuper8 | @maxwelllobatoo | @territoriioperiferico
  


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