terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Exportação deve crescer 7,2%, puxada por petróleo, soja e minério de ferro

No entanto, venda de manufaturados, bens de alto valor agregado que imprimem maior dinamismo à atividade econômica, seguirá em queda no próximo ano


Afundada na recessão desde 2015, a economia não deverá contar com ajuda significativa das exportações para sair da crise em 2017. Segundo estimativas da Associação do Comércio Exterior do Brasil (AEB), as vendas das empresas brasileiras ao exterior devem passar de US$ 184,1 bilhões, neste ano, para US$ 197,3 bilhões no próximo, uma alta de US$ 13,2 bilhões, ou 7,2%. A maior parte desse incremento, porém, cerca de US$ 9 bilhões, virá de apenas três produtos — petróleo e minério de ferro, que deverão ter elevação de preços, e soja, por aumento da quantidade exportada. Nada virá da venda de manufaturados, bens de alto valor agregado que imprimem maior dinamismo à atividade econômica. Ao contrário. O segmento terá retração de 1,1%.


Arte/CB/DA Press
Por conta desse perfil da pauta exportadora do país, o presidente da AEB, José Augusto de Castro, relativiza os números positivos que vêm sendo registrados na balança comercial. Desde 2015, enquanto a economia afunda na recessão, a balança coleciona saldos favoráveis, podendo bater recordes neste ano e no próximo. Pelas estimativas da entidade, o superavit comercial passará de US$ 45,6 bilhões, neste ano, para US$ 51,6 bilhões em 2017, os melhores resultados desde 2006. Esses números, no entanto, resultam, fundamentalmente, da desvalorização do real e da retração econômica, que derrubou as importações em níveis expressivos.

“A economia continua fraca. O superavit da balança comercial não gera atividade econômica e não cria emprego, porque as exportações de manufaturados, que possuem maior valor agregado, continuam em queda. Esse saldo positivo apenas ajuda o balanço de pagamentos do país com o setor externo”, lamenta Castro. Ele destaca que, se não fosse a recente valorização de commodities como soja e petróleo, o quadro poderia ser pior. “O que vimos nestes últimos dois anos são superavits resultantes da forte queda das importações. Algo que, no fim das contas, continua sendo um ‘superavit negativo’”, resume.

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