A coalizão da oposição síria (CNS), a principal formação da oposição no exílio, igualmente anunciou que apoiará o acordo de cessar-fogo
presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira a assinatura de um acordo de cessar-fogo entre os rebeldes armados e o governo sírio, que confirmou a informação indicando a trégua terá início a partir da meia-noite.
"Três documentos foram assinados: o primeiro é entre o governo sírio e a oposição armada sobre o cessar-fogo em todo o território sírio", declarou Putin, explicando que os outros documentos dizem respeito a negociações de paz.
Já o exército sírio anunciou "uma parada total das operações militares" que deve entrar em vigor à meia-noite em todo o território sírio.
O acordo exclui, no entanto, os extremistas do grupo Estado Islâmico (EI) e do Fateh al-Cham, ex-ramo sírio da Al-Qaeda, segundo um comunicado do gorverno publicado pela agência síria Sana.
A Coalização Nacional Síria (CNS), a principal formação de oposição no exílio, igualmente anunciou seu apoio ao cessar-fogo, segundo seu porta-voz Ahmad Ramadan.
"A coalizão nacional apoia o acordo, e chama todas as partes a respeitá-lo", afirmou.
A Turquia e a Rússia, cuja cooperação se intensificou nas últimas semanas no conflito sírio, já haviam previsto a implementação de um cessar-fogo na Síria antes do Ano Novo.
O ministro turco das Relações Exteriores, Mevlüt Cavusoglu, havia anunciado que a trégua poderia entrar em vigor "a qualquer momento".
Cavusoglu assegurou que em caso de sucesso, este acordo conduzirá a negociações políticas entre o regime de Bashar al-Assad e a oposição síria em Astana, no Cazaquistão.
Astana não é uma "alternativa à Genebra", onde deve acontecer negociações sob os auspícios da ONU em fevereiro, ressaltou o ministro, acrescentando que "será uma etapa complementar sob a nossa supervisão", em referência ao seu país e à Rússia.
Vários acordos de cessar-fogo já foram concluídos na Síria, negociados por Washington e Moscou, mas todos fracassaram rapidamente.
Desta vez, os Estados Unidos não foram incluídos nas negociações em curso entre a Turquia e a Rússia.
Redução de presença militar russa
O presidente russo também anunciou uma redução da sua presença militar na Síria, onde a aviação síria conduz uma campanha de ataques aéreos em apoio ao governo de Damasco desde setembro de 2015.
"Estou de acordo com a proposta do ministério da Defesa sobre uma redução de nossa presença militar na Síria", afirmou Putin durante um encontro televisionado com seus ministros da Defesa e das Relações Exteriores.
Contudo, "iremos continuar com a nossa luta contra o terrorismo internacional", garantiu.
Rússia e Turquia estão muito envolvidos no conflito na Síria, onde apoiam lados opostos: Ancara apoia os rebeldes, enquanto Moscou, assim como Teerã, é aliado de Damasco.
A cooperação russo-turca possibilitou há duas semanas um cessar-fogo na cidade de Aleppo, permitindo a evacuação de milhares de pessoas das áreas controladas pelos rebeldes.
Esta cooperação se intensificou desde o aquecimento das relações entre os dois países, após uma crise diplomática provocada pela destruição de um caça russo pela Turquia na fronteira síria no final de 2015.
A Turquia permaneceu em silêncio quando o presidente Assad conquistou sua maior vitória contra os rebeldes desde que o início do conflito, em 2011, tomando Aleppo na semana passada, com a ajuda da Rússia.
No entanto, Mevlüt Cavusoglu garantiu que está "foram de questão" para a Turquia negociar com Assad.
Tensões
Por outro lado, a Turquia tem se mostrado cada vez mais descontente com o apoio prestado pelos Estados Unidos às milícias curdas na Síria para lutar contra o grupo Estado Islâmico (EI).
Ancara considera essas milícias aliadas do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo classificado de "organização terrorista" por parte da Turquia.
O presidente Recep Tayyip Erdogan acusou na terça-feira a coalizão internacional liderada por Washington de apoiar, além destas milícia curdas, o próprio EI.
Um apoio vigorosamente negado na quarta-feira pela embaixada dos Estados Unidos em Ancara, que também negou fornecer armas ou explosivos às milícias curdas e ao PKK.
O presidente turco respondeu em um discurso nesta quinta-feira: "Se você dá todos os tipos de armas para organizações terroristas na região, e depois diz que 'não damos armas, apenas munição', desculpe, mas nós não aceitamos isso", disse ele, sem mencionar o cessar-fogo.
Ele também acusa a coalizão internacional de não ter apoiado a operação militar turca conduzida no norte da Síria desde o final de agosto.
Desde o início da guerra, em março de 2011, o conflito na Síria já custou mais de 310.000 vidas e levou milhões de sírios ao exílio. Nesta quinta-feira, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) anunciou a morte de 7 civis, incluindo 3 crianças, em ataques do regime na região de Ghouta oriental, perto de Damasco.
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