terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Repelentes antizika ainda não têm prazo para chegar

Em novo atraso, Governo não definiu data em que gestantes do Bolsa Família receberão os produtos
Ministro da Saúde, Ricardo Barros


O ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirmou nesta segunda-feira (26) que não há prazo para o início da distribuição de repelentes para gestantes contra o mosquito que transmite o vírus da zika. Em novembro, já com atraso de quase um ano, Barros havia dito que até o fim de dezembro os produtos já começariam a ser entregues. A distribuição será feita para cerca de 484 mil grávidas de baixa renda cadastradas no programa Bolsa Família. 

Em dezembro de 2015, o então ministro da Saúde, Marcelo Castro, chegou a anunciar que distribuiria o produto para todas as gestantes atendidas na rede pública. Um mês depois, recuou da medida e anunciou a oferta apenas para as gestantes vinculadas ao programa federal. “Esperamos entregar o mais rapidamente possível. Lamentavelmente, a burocracia tem nos atrasado. Faremos a entrega o quanto antes”, explicou Barros.

Do anúncio de Castro até o momento, foram muitas idas e vindas no formato da compra dos repelentes. Inicialmente, o governo anunciou que os produtos seriam produzidos em laboratório do Exército - que negou. Em seguida, passou a convocar fabricantes, mas a negociação foi marcada por entraves. Houve uma tentativa de dispensa de licitação, mas fabricantes apareceram demonstrando o interesse, o que fez o Governo voltar ao pregão. Desde outubro de 2015, foram 2.289 casos confirmados de microcefalia no Brasil.

O combate ao mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya é o maior desafio para 2017. A maior preocupação é com a chikungunya, que deve ter aumento de número de casos no próximo ano, de acordo com a expectativa do Governo. Em 2016, foram registrados mais de 263 mil casos prováveis de infecção, 627% a mais do que em 2015 (36 mil). Barros disse que os números de dengue e zika devem ficar “estáveis”, permanecendo na mesma faixa deste ano. “Quanto mais pessoas têm vírus, mais chance de disseminação”, respondeu o ministro, ao ser questionado sobre o motivo de a previsão ser ruim para o próximo ano.

De acordo com o balanço apresentado na segunda, 159 pessoas morreram por terem pego a doença. No caso de dengue, houve queda de 9,1% em relação a 2015 (1,4 bilhão contra 1,6 bilhão, aproximadamente) - 609 mortes foram confirmadas, 37,3% a menos do que no ano anterior. Como os registros de zika só começaram a ser feitos neste ano, não é possível fazer comparação com períodos anteriores. Em 2016, foram cerca de 211 mil casos prováveis no País - seis mortes.

Todo o balanço foi contabilizado até o dia 10 de dezembro, podendo ter novos registros nos três tipos de doença. Identificada no país em 2014, a chikungunya, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, ficou inicialmente restrita a poucos municípios, situação que começou a mudar no último ano. Segundo a previsão do governo, lugares não afetados até o momento devem ser os que mais vão sofrer em 2017.

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