Durante 12 anos a jornalista Tereza Rozowykwiat, do Diário de Pernambuco, acompanhou as campanhas e os governos de Miguel Arraes em Pernambuco.
No ano seguinte à morte do respeitado líder da esquerda, Lula Arraes, filho do ex-governador, sugeriu à Tereza que escrevesse um livro sobre a trajetória política do pai.
Com a sua experiência pessoal e um longo trabalho de pesquisa a jornalista escreveu o livro “Arraes”, que fala da infância do político no Crato, a vinda parao Recife, sua formação acadêmica e o ingresso na vida pública.
O livro foi reeditado em 2016, quando se comemorou o centenário de Miguel Arraes, com a inclusão de mais alguns capítulos, graças a novas informações obtidas no acervo do ex-governador.
Livro escrito com paixão, “Arraes” mostra bem porque o político pernambucano virou um mito.
Um homem que lia, escrevia (publicou vários volumes abordando questões políticas, econômicas e sociológicas), com uma coerência impressionantes em toda sua vida pública.
Foi deputado estadual e federal, prefeito do Recife e governador de Pernambuco por três vezes.
Sempre esteve ao lado dos mais pobres, realizando ações ou obras que impactaram a vida do povo dos morros da capital, dos trabalhadores da Zona da Mata, dos pequenos agricultores do Agreste e Sertão.
Em 1964, quando houve o golpe militar, ofereceram a Miguel Arraes a chance de continuar no governo, desde que aderisse ao novo regime.
Recusou e por isso foi detido, passando por prisões na região metropolitana do Recife, em Fernando de Noronha e no Rio de Janeiro, até que foi obrigado a sair do Brasil, tendo se exilado na Argélia, país no norte da África, que foi colônia da França até meados dos anos 60.
Arraes e dona Madalena tiveram que deixar a terra em que se criaram, ficaram separados dos filhos e passaram a viver num país distante, longe dos amigos e de suas raízes.
Só conseguiram reunir os 10 filhos novamente cinco anos depois.
Quando veio a anistia, Arraes voltou ao Brasil (14 anos depois), retornou a carreira política, se elegendo deputado federal duas vezes e governador de Pernambuco em mais duas oportunidades.
Seu neto, Eduardo Campos (que ficou sem o sobrenome Arraes por questão de segurança, pois nasceu na fase mais dura do regime militar), também se elegeu governador duas vezes.
Hoje Miguel Arraes, que morreu em 2005, vive na lembrança do povo, é nome de ruas, escolas e avenidas.
Não somente no Brasil, na Argélia, que o abrigou no exílio dá nome a uma praça na capital do país.
“Arraes”, de Tereza Rozowykwiat, é um livro indispensável sobre política e história pernambucana.
Pode ser encontrado na Companhia Editora de Pernambuco, CEPE, ou pela internet.
*Na imagem acima a jornalista Tereza Rozowykwiat, com um exemplar do seu belo livro.
por Roberto Almeida
Nenhum comentário:
Postar um comentário