Em Garanhuns temos algumas cabeças pensantes. Pessoas que consomem e produzem boa literatura, música, teatro e outras formas de arte.
E essas pessoas não ficam só nas mesas de bares ou nas rodinhas intelectuais.
Marcam presença nas faculdades locais, nas rádios e também nas plataformas da internet.
Vamos aos exemplos mais marcantes: semanalmente, num canal do YouTube, três bons intelectuais garanhuenses apresentam o programa “Intervenção Cultural”.
Todo domingo Helder Herick, Mário Rodrigues e Pedro Henrique batem um papo de alto nível falando de livros, poesia, música e assuntos correlatos.
O programa já abordou a obra de petas/escritores do porte de Vinicius de Moraes, João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector.
Também realiza entrevistas com gente nossa, que está aí, produzindo. Escritores como Nivaldo Tenório, Carlos Janduy e Wagner Marques já passaram pelo “Intervenção Cultural”.
Merece ser prestigiado. Uma pena que muitos na cidade desconheçam esse programa que vai ao ar pelo YouTube.
ESTAÇÃO – Outro programa de alto nível é o “Estação Retrô”, que hoje, na rádio comunitária 87 FM chegou a sua edição de número 345.
E o fez em grande estilo, fazendo uma homenagem a Belchior, que se estivesse vivo teria completado 75 anos no último dia 26.
O Estação não se limitou a tocar as grandes canções do cearense. Teve a participação de ouvintes bem informados sobre a obra do artista, que fizeram comentários enriquecedores a respeito do cantor e compositor.
Mário Rodrigues, que é professor e escritor, com vários livros publicados, fez uma revelação das mais interessantes a respeito de Antônio Carlos Belchior.
Ele citou o escritor irlandês James Joyce, que no livro Retrato de Um Artista Quando Jovem escreveu: “Ele estava só. Estava abandonado, feliz, perto do selvagem coração da vida”.
A ucraniana pernambucana Clarice Lispector teria tomado emprestada essa frase para intitular seu primeiro romance, “Perto do Coração Selvagem”.
Para Mário, Belchior bebeu na fonte dos dois para compor uma de suas músicas mais conhecidas: “Coração Selvagem”.
Se mais pessoas em Garanhuns e em outras cidades tivessem acesso à cultura, aos livros, à boa música, à informação, não teríamos um indigente intelectual governando o país, o Brasil não seria esse pária em que se transformou.
Salves os interventores culturais! É deles que precisamos e não de saudosistas da ditadura, de senadores biônicos ou interventores políticos estaduais.
Os citados e outros, incluindo jovens que estão nas universidades e ensino médio, é que nos fazem acreditar que nem tudo está perdido.
*Ilustração retratando Clarice Lispector : Poesia na Alma.
Foto do Centro Cultural: Portal Globo.
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