Gilú Amaral, Duo Repercuti e Lucas dos Prazeres honram a tradição da percussão pernambucana em Pesqueira
Naná Vasconcelos está orgulhoso. A última noite do polo País da Música do Festival Pernambuco Meu País em Pesqueira (Agreste) foi a comprovação de que as lições do saudoso percussionista foi aprendida com louvor por muitos de seus discípulos e músicos que têm um dos homenageados deste evento como referência e inspiração. Gilú Amaral, Duo Repercuti e Lucas dos Prazeres fizeram shows simplesmente impecáveis e à altura da expectativa gerada desde o anúncio da programação.
As três atrações fazem parte do que há de mais atual na chamada cena da música pernambucana, aquela em que ainda ressoam os ecos dos anos 1990. Numa noite totalmente percussiva é evidente que Naná esteve onipresente no coração e na mente de todo mundo presente na Praça da Rosa.
Ao lado do DJ Rimas, de Tabira (Sertão), Gilú Amaral voltou a apresentar seu show de percussão (de tudo o que possa imaginar) com bases, efeitos e samplers. E a dupla está cada vez mais entrosada. Com um repertório de músicas próprias, algumas em parceria com Rimas, o percussionista transformou o espaço em uma pista de dança. Ao mesmo tempo parando de vez em quando para dar uns toques de conscientização. “A percussão é a escola mais importante que temos no Estado de Pernambuco”, disparou.
Emerson Coelho e Emerson Rodrigues, o Duo Repercuti, subiram no palco literalmente abalando as estruturas com sua união de percussão sinfônica e instrumentos afros. Em seu acervo percussivo havia nada mais, nada menos do que duas marimbas. Os rapazes, que são do Recife e de Igarassu (Região Metropolitana), mostraram temas do álbum O Som das Baquetas, como Nó de Imbuia (Laís de Assis), Chick Corea Forever (Amaro Freitas) e Pakiparabaki (Henrique Albino); e outras como Ijó Asé Erê (composta para o videodança homônimo de Janaína Santos), Som de Bloco de Madeira (Jerimum de Olinda) e Batuque (Emerson Rodrigues). E no discurso sempre o engajamento da defesa da cultura periférica.
Já se preparando para lançar seu próximo álbum – em novembro, com o título de Traçado -, Lucas dos Prazeres sempre faz valer o porquê de ser considerado um fenômeno musical. Cantor e percussionista, no palco apresenta-se mais do que um band-leader: um maestro. Da banda fazem parte o irmão Mateus, também percussionista; Pepê da Silva (viola, cavaquinho e vocal); Diego Drão (teclados); e a própria mãe, Conceição dos Prazeres (voz e percussão).
Assim como Gilú, Lucas esbanja versatilidade ora tocando alfaia, ora pandeiro; ora maraca e até gongo. Também engajado, falou dos projetos sociais que unem sua família e prestou reverência a Naná, ao povo xucuru e às matriarcas, especialmente as do coco de roda, como Aurinha e sua filha Andreza, Cila, Selma e Glorinha. Uma liderança imprescindível na música pernambucana.
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