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O ex-presidente Jair Bolsonaro desembarcou em Pernambuco e percorreu as cidades do Recife, Carpina e Vitória de Santo Antão em mais um movimento político estratégico. Cercado por apoiadores e sob forte esquema de segurança, o ex-presidente adotou um tom de enfrentamento, questionando sua inelegibilidade e insinuando a possibilidade de prisão. O roteiro lembra, em muitos aspectos, a trajetória de Luiz Inácio Lula da Silva em 2018, quando, condenado em segunda instância pela Operação Lava Jato, tentou se manter politicamente relevante e evitar sua prisão.
Assim como Lula naquela época, Bolsonaro enfrenta um cerco jurídico que pode resultar em sua detenção. O ex-presidente já foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e responde a uma série de investigações, incluindo as que apuram sua suposta participação na tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Nos bastidores, cresce a especulação de que uma decisão mais dura pode ser tomada contra ele nos próximos meses, o que explicaria sua estratégia de intensificar agendas públicas e reforçar seu discurso de perseguição política.
Se em 2018 Lula tentou transferir seu capital eleitoral para Fernando Haddad sem sucesso, Bolsonaro busca um caminho diferente. Ele ainda conta com um apoio significativo – cerca de 60 milhões de votos na última eleição – e tem consciência de que seu nome continua sendo o principal ativo da direita brasileira. No entanto, caso sua inelegibilidade seja mantida até 2026, precisará escolher alguém que represente seu legado e consiga disputar o Planalto com viabilidade eleitoral.
A grande incógnita é se Bolsonaro conseguirá alterar o desfecho de um roteiro que, até aqui, parece seguir o script de 2018. Lula, mesmo preso, conseguiu se manter no jogo e voltar ao poder quatro anos depois. Bolsonaro aposta em sua base fiel para evitar a prisão e consolidar um sucessor. Se terá sucesso nessa empreitada ou se acabará fora da disputa como seu antigo rival em 2018, só o tempo dirá.
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