Formado por 42 famílias distribuídas em uma área de 957 hectares, o território do Timbó é reconhecido pela Fundação Palmares, mas ainda está em processo de regularização junto ao INCRA
Jerônimo, que também é professor da rede pública estadual de ensino e membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Pernambuco (Sintepe), aproveitou a viagem para fortalecer o contato e a união em torno da pauta dos direitos dos moradores do Quilombo do Timbó, localizado no município.”
“Nesse mês da consciência negra, estive conhecendo de perto o quilombo Timbó, localizado no município de Garanhuns. Conhecemos a igreja Nossa Senhora de Nazaré, um local importante e de resistência para o povo, pois foi nesse lugar que o quilombo ganhou vida”, disse o presidente da federação.
Jerônimo também agradeceu a Ana Timbó, liderança antirracista, quilombola, feminista, e mãe que o acolheu. durante a viagem e a visita ao território. “Fomos acolhidos pela família de Ana Timbó, ao qual agradeço pela recepção calorosa e afetuosa. Estamos juntos, companheira!”.
Membro do PSOL-PE em Garanhuns, Ana Ana do Timbó (@anaquilombola) atualmente integra o grupo Sertanejas (@sertanejas.pe), grupo de quatro mulheres, mães, políticas e guerreiras que são pré-candidatas a co-deputadas estaduais nas eleições de 2026. Ela explica que a região já foi alvo de muita perseguição e perdas territoriais no passado, e o reconhecimento do território como um remanescente quilombola é um passo importante, mas destaca que a regulamentação ainda não está completa.
“Estamos na luta desde o primeiro governo Lula. Começou com a Fundação Palmares, que aderiu à causa da gente, e depois foi repassado o processo para o INCRA e o Governo Federal. Entramos na fase de pagar indenização aos proprietários e transferir a propriedade para os verdadeiros donos: o povo do Timbó. Obrigada, Jerônimo pela visita, ao Quilombo do Timbó em Garanhuns.”
História do Quilombo do Timbó
Localizado na zona rural de Garanhuns, no agreste meridional de Pernambuco, o Quilombo do Timbó é uma das mais antigas e simbólicas comunidades quilombolas do estado de Pernambuco.
Formado por 42 famílias distribuídas em uma área de 957 hectares, o território é reconhecido pela fertilidade de suas terras e pelas nascentes que garantem a vida e a produção agrícola local — baseada na mandioca, no café e na cana-de-açúcar.
A origem do Timbó remonta ao século XVII, quando pessoas escravizadas fugidas do histórico Quilombo dos Palmares, localizado na vizinha Serra da Barriga (em Alagoas, então parte da Capitania de Pernambuco), se estabeleceram na região.
Esse deslocamento marcou o início da formação das comunidades quilombolas em Garanhuns, sendo o Timbó considerado o núcleo mais antigo entre as seis comunidades certificadas atualmente no município.
A luta pela terra é uma constante na trajetória da comunidade. Por séculos, as famílias viveram sem documentação oficial de suas terras e enfrentaram a grilagem por parte de fazendeiros da região, o que reduziu drasticamente a área ocupada.
O conjunto formado pelo povoado, a Igreja Nossa Senhora de Nazaré e o cemitério foi tombado pelo Governo de Pernambuco em 2020, por meio do Decreto nº 48.693, com base nas leis estaduais que protegem o patrimônio cultural material e de origem africana. Esses bens reforçam o valor histórico, religioso e simbólico do território, considerado patrimônio cultural brasileiro conforme o artigo 216 da Constituição Federal.
A tradição religiosa, centrada na devoção a Nossa Senhora de Nazaré, permanece viva e é parte essencial da identidade do Timbó. A comunidade também se tornou referência na preservação da memória afrodescendente, com iniciativas recentes de restauro e capacitação iniciadas em 2024, que visam proteger seu patrimônio material e imaterial.
Reconhecido após mais de duzentos anos de resistência, o Quilombo do Timbó é hoje símbolo da força e da dignidade do povo negro do agreste pernambucano. Sua história é também a história de luta contra o racismo estrutural, pela demarcação e pela posse da terra, pela preservação ambiental e pelo direito de existir com autonomia.
Para o PSOL Pernambuco, defender o Timbó — e todas as comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais do estado — é defender o Brasil profundo, plural e diverso que constrói diariamente o futuro com as próprias mãos!
Créditos: Divulgação/PSOL-PE
Lara Tôrres - Assessora de Imprensa do PSOL-PE
(81) 986224852

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