Grupo recifense se apresentou no palco do País das Artes Cênicas fortalecendo a interiorização das manifestações culturais populares
Postado em: PE Meu País
Texto: Valentine Herold
Fotos: Silla Cadengue
A praça ocupada pelos Guerreiros do Passo neste início de fim de semana não foi a mesma que recebe os professores e passistas do grupo todo sábado de tarde. Ao invés do Hipódromo, no Recife, as tesouras, os rojões, os metrôs, as gavetas e tantos outros passos do frevo foram executados, com a maestria e beleza de sempre, na Praça da Rosa, no Centro de Pesqueira. Os Guerreiros abriram a quarta etapa do Festival Pernambuco Meu País, pontualmente às 10h30, trazendo para a cidade limítrofe entre o Agreste e o Sertão pernambucano a aula-espetáculo “O Frevo”, no palco do País das Artes Cênicas.
Trajados de vestimentas de trabalhadores dos anos 1950, eles apresentaram ao público pesqueirense o resultado de anos de pesquisa sobre a origem do frevo. O passo como ele nasceu: nas ruas, como um grito de liberdade de uma cama social historicamente oprimida e sob a repressão policial dos duelos de capoeira. Dança e explicações didáticas e lúdicas sobre o contexto da época se alternavam, encantando todos os presentes.
A maior parte do público era composto por estudantes da rede pública. Crianças e adolescentes que acompanharam todo o espetáculo com sorrisos no rosto e olhares atentos aos saltos, movimentos de braços e encenações. Para quase todas elas, esse foi o primeiro contato ao vivo com o frevo.
“Eu nunca tinha visto ninguém dançar frevo de verdade, sem ser pela televisão. Foi minha primeira vez e eu amei! Não poderia ter sido uma primeira vez mais perfeita!”, relatou a estudante Maria Júlia, de 12 anos.
Se o encantamento do público já estava grande assistindo, quando chegou a hora de participar do fervo e cair no passo ao fim do espetáculo, a Praça da Rosa se transformou num grande Carnaval. Ao som do clássico “Chuva de Sombrinhas”, estudantes, professores e transeuntes se uniram aos integrantes dos Guerreiros do Passo. Alegria e emoção tomaram de tudo e de todos.
A aula-espetáculo “O Frevo” em Pesqueira, no palco do País das Artes Cênicas, mostrou na prática a importância de iniciativas como a do Pernambuco Meu País, de política pública de interiorização da cultura produzida na capital. Manifestação típica do Recife e Região Metropolitana, o frevo nem sempre consegue chegar em outros municípios. Para o diretor dos Guerreiros do Passo, Eduardo Araújo,
“Ter acesso a outros públicos que geralmente não temos é muito importante, pois quando falamos de salvaguarda do frevo não podemos só pensar no entorno da capital. Poder promover às pessoas do interior do Estado esse contato direto com o passista é fundamental. Dessa aproximação pode surgir uma luz de interesse por parte das pessoas de querer fazer uma aula, escutar frevo, conhecer mais. Então esse festival Pernambuco Meu País está trazendo essa importância, foi maravilhoso para nós estarmos aqui e queremos voltar em outras edições”, celebra Eduardo.
Evoé!
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