Pressão eleitoral faz Raquel Lyra aguardar Lula para inauguração de barragem



Carlos Eugênio - Garanhuns recebe, no próximo dia 5, o Novo Atacarejo. Localizada na rua Dr. José Mariano, no mesmo espaço onde funcionou o TodoDia, a operação chega para ampliar o atendimento a consumidores e pequenos empreendedores da Região, especialmente durante o período natalino, quando a demanda por abastecimento aumenta.
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| Foto oficial do Presidente Lula com seus parentes em Garanhuns |

Por Carlos Eugênio - O Prefeito Sivaldo Albino (PSB) inaugura nessa segunda-feira, dia 1º, a Cozinha Comunitária – Vereador Pedro Leite Cavalcanti, no bairro Dom Helder Câmara (Cohab 3).
Por Edmar Lyra
Durante quase vinte anos, o Nordeste funcionou como o grande fiador eleitoral do lulismo. Era o território onde o PT podia operar com margem confortável, compensando desequilíbrios no Sudeste e assegurando vantagem estratégica em disputas nacionais. Essa equação, porém, está mudando. E não se trata de um movimento súbito, mas de uma transformação estrutural que vem sendo captada por cientistas políticos e institutos de pesquisa — com efeitos diretos sobre 2026.
Em encontro promovido pelo UBS com empresários e clientes, especialistas detalharam esse novo cenário. O diagnóstico é de que o Nordeste continua relevante — talvez mais do que nunca —, mas já não se comporta como o “porto seguro” de outrora. O desgaste acumulado, somado a mudanças sociais profundas, transformou a região em terreno competitivo. E o governo Lula tem consciência disso.
O cientista político Andrei Roman, cofundador da AtlasIntel, explica que o primeiro ponto de inflexão é o esvaziamento simbólico dos programas de transferência de renda. Por décadas, o Bolsa Família foi o principal elo emocional e material entre o eleitor nordestino e o PT. Mas sua força eleitoral diminuiu. A longevidade do programa — criado em 2003 — reduziu seu caráter extraordinário, e a decisão de Jair Bolsonaro de elevar substancialmente o benefício em 2022 quebrou o monopólio narrativo petista. Nas palavras de Roman, já não existe o temor de que um governo de direita acabaria com o programa. O eleitor entende o Bolsa Família como política de Estado, não mais de um partido. E, quando o benefício deixa de ser um diferencial, o voto automático se fragiliza.
Outro vetor decisivo é o desgaste dos governadores aliados do campo progressista. Estados antes comandados por líderes de alta popularidade — como Bahia e Ceará — hoje registram declínios visíveis nas avaliações de governo. Esse enfraquecimento não fica restrito às capitais: ele respinga no Planalto, já que parte do eleitorado nordestino associa problemas locais diretamente à esfera federal. Quando o governador perde base social, Lula também perde.
A deterioração da segurança pública, especialmente fora dos grandes centros, completa o quadro. O avanço do crime organizado em cidades médias e pequenas aumentou o sentimento de insegurança e a percepção de ausência do Estado. Questões como violência, facções e roubos tornam-se determinantes na definição de voto. E, nessa pauta, o governo federal enfrenta críticas crescentes — mesmo que a responsabilidade seja compartilhada com os estados.
Há ainda um elemento sociológico crucial: o novo “swing voter” nordestino. Segundo Roman, ele está localizado nas periferias urbanas, longe do eleitor tradicionalmente fiel ao lulismo. Trata-se de um contingente flutuante, pragmático, sensível ao preço do gás, à qualidade do ônibus, ao atendimento no posto de saúde. Menos ideológico, mais cotidiano. É esse eleitor que hoje define margens, desloca cenários e obriga o PT a reordenar prioridades.
Assim, o Nordeste deixa de ser reduto automático e passa a ser um front tão competitivo quanto o Sudeste. A região permanece decisiva, mas não garante vitória. Exige presença, entregas concretas e capacidade de resposta. Em 2026, as periferias das capitais nordestinas podem valer tanto quanto — ou até mais do que — o cinturão metropolitano paulista. É aí que estará o novo centro de gravidade da disputa presidencial.