Por Edmar Lyra
A pesquisa divulgada pelo instituto DataTrends sobre a sucessão estadual na Bahia oferece um retrato claro do momento político e, sobretudo, dos ativos e fragilidades dos principais protagonistas da disputa de 2026. Os números colocam ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, como o nome mais competitivo do campo oposicionista e, ao mesmo tempo, revelam que o governador Jerônimo Rodrigues ainda enfrenta dificuldades para consolidar sua liderança no estado, apesar de estar no exercício do cargo.
No cenário principal, ACM Neto aparece com 45% das intenções de voto, abrindo uma vantagem de 11 pontos percentuais sobre Jerônimo Rodrigues, que soma 34%. Trata-se de uma liderança robusta, especialmente considerando que Neto não ocupa cargo público atualmente. Esse dado reforça a força de seu capital político, construído ao longo de gestões bem avaliadas em Salvador e de uma marca eleitoral que segue viva no interior, mesmo após a derrota de 2022. A pulverização dos demais candidatos — Kleber Rosa e José Carlos Aleluia, ambos com 3% — indica que, neste momento, a disputa tende à polarização entre Neto e o candidato do PT.
O segundo cenário é ainda mais revelador. Com a inclusão de Rui Costa, atual ministro da Casa Civil e ex-governador com forte recall eleitoral, o quadro se equilibra completamente: 43% para Rui e 43% para ACM Neto. Aqui, fica evidente que a força do grupo governista está muito mais associada à figura de Rui Costa do que propriamente ao atual governador. Jerônimo, eleito sob a sombra do padrinho político, ainda não conseguiu transferir integralmente para si o prestígio acumulado pelo antecessor.
O terceiro cenário, que testa o prefeito de Salvador, Bruno Reis, mostra que a marca política do grupo de ACM Neto continua competitiva. Bruno aparece com 40%, contra 35% de Jerônimo, mantendo vantagem mesmo com menor projeção estadual que o ex-prefeito. Isso sinaliza que o eleitorado baiano reconhece e valoriza a continuidade administrativa do campo oposicionista na capital, transformando Salvador, mais uma vez, em vitrine política.
A avaliação do governo Jerônimo Rodrigues ajuda a explicar esses números. Com 46% de aprovação e 52% de desaprovação, o governador enfrenta um ambiente desfavorável para quem pretende a reeleição. Embora não seja uma rejeição irreversível, o saldo negativo indica dificuldades de comunicação, entrega de resultados e afirmação de liderança própria. Para reverter esse quadro, Jerônimo precisará acelerar obras, fortalecer políticas públicas com impacto direto no cotidiano da população e, sobretudo, se descolar da imagem de gestor tutelado.
Ainda assim, o cenário não está cristalizado. Governadores em exercício contam com a máquina, alianças institucionais e tempo para reorganizar a narrativa. A eleição, porém, exigirá mais do que apoio partidário: demandará protagonismo. Do outro lado, ACM Neto surge como favorito neste momento, liderando cenários e se beneficiando do desgaste do atual governo. A disputa, ao que tudo indica, será menos sobre novidade e mais sobre quem conseguirá convencer o eleitor baiano de que representa competência, liderança e futuro.

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