sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Pecuária leiteira do Agreste amplia produção com tecnologia e inovação apoiadas pelo Sebrae

 Empreendedores da maior bacia leiteira do estado recebem consultorias em áreas estratégicas, do melhoramento genético à produção eficiente de silos


Por Pedro Romero



Pernambuco lidera a produção de leite no Nordeste, alcançando, em 2025, a marca de cerca de 3,5 milhões de litros por dia. O motor desse resultado é o Agreste Meridional, maior polo produtor do estado, onde a pecuária leiteira gera emprego, renda e movimenta toda a cadeia econômica — do curral à mesa. Para sustentar esse crescimento, o setor conta com o apoio estratégico do Sebrae/PE em todas as etapas de produção e beneficiamento. 


De acordo com especialistas, entre os fatores relacionados ao crescimento da atividade estão as políticas de isenções fiscais e o aumento da produtividade, que acontece, entre outras coisas, a partir de ações de inovação e tecnologia, como o melhoramento genético do rebanho através da inseminação artificial.


“Participar das capacitações e consultorias oferecidas pelo Sebrae mudou bastante a nossa produção, uma vez que houve uma melhoria na genética dos animais. Em 2025, eu passei de vacas com produção de 10 a 15 litros por dia para vacas de 30 litros de leite por dia. O resultado foi muito satisfatório”, diz Luis Henrique, empreendedor de Saloá. O produto é vendido para uma grande empresa na área de beneficiamento, que fica no município de Pedra, na mesma região. 


“Houve um aumento na produção e nós também melhoramos as raças do rebanho”, resume o pecuarista José Maria Santana Cavalcante, do município de Capoeiras. Parte do leite é vendido para um queijeiro local e a outra parte para outra grande empresa de beneficiamento. O que existe em comum entre esses pecuaristas é a participação no Programa Sebraetec, que além de prestar assistência especializada, também oferece um subsídio de até 70% do valor do projeto, facilitando o acesso dos produtores às consultorias e às novas tecnologias. 


Parceria com a Adepe


Para apoiar a pecuária leiteira com os seus programas, o Sebrae/PE atua em parceria com outras instituições como a Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe). Recentemente, 60 produtores de leite de 16 municípios do Agreste Meridional foram beneficiados com o programa de Melhoria Genética e Produtiva da Cadeia do Leite do Agreste Pernambucano, desenvolvido como parte dessa parceria. O valor total de investimentos foi de cerca de R$ 240 mil. 

 

“O programa foi realizado por meio de consultoria tecnológica em Inseminação Artificial (IATF), com a introdução de novas tecnologias produtivas que ajudarão na melhoria genética do rebanho e no aumento da produção de leite”, explica Lucas Araújo, especialista em agronegócios do Sebrae/PE. Entre os benefícios do programa também estão o levantamento da situação do rebanho bovino leiteiro; a implantação do calendário sanitário; a seleção de matrizes para inseminação; e a criação de um protocolo hormonal de sincronização e inseminação.


Mais produtividade no cultivo do milho para beneficiar a pecuária leiteira 

O Sebrae/PE oferece consultorias para atender às mais diversas necessidades do produtor rural. Na questão da alimentação, um dos destaques é o trabalho que impulsiona a produção de milho para silagem, insumo fundamental para a alimentação dos animais na pecuária, principalmente na estiagem, época de desafios para os produtores.

O milho é uma das mais importantes fontes energéticas para a nutrição do rebanho bovino leiteiro e tem se tornado cada vez mais necessário no Agreste Meridional. Diante deste cenário, o Sebrae/PE já apoiou, só este ano, 37 produtores da região, através de consultorias especializadas do Sebraetec, para tornar o cultivo do milho mais produtivo. 

De acordo com Kedima Azevedo, especialista em agronegócios da entidade, há um crescimento na produção desse insumo localmente. “Essa demanda está diretamente relacionada ao fato de fazermos parte da principal bacia leiteira do estado. O milho é um produto importante porque as despesas com alimentação representam, em média, de 60% a 70% dos custos totais das propriedades rurais”, explica.

Resultados no campo

Cleber Ferreira, produtor em Águas Belas, é um dos pecuaristas que participaram do Sebraetec. “O apoio no plantio do milho veio suprir uma necessidade que nós tínhamos, pois estamos em uma região de transição entre o Agreste e o Sertão, onde o risco climático é muito alto e a gente sempre fazia um plantio convencional. A parceria com o Sebrae foi fundamental para que pudéssemos fazer um silo de alta qualidade para fornecer ao gado. Esse desempenho foi alcançado com tecnologias mais avançadas, diferente dos plantios convencionais e isso, para mim, foi um divisor de águas”, destaca. O silo feito com milho é utilizado para alimentar 110 vacas que produzem cerca de 900 litros de leite por dia.

“Tomara que esse projeto continue e que expanda mais porque foi muito bom. A produção de milho realmente aumentou por conta da parte técnica, da ajuda dos técnicos e dos agrônomos. O milho é usado totalmente para alimentar os animais no período seco”, reforça Ronaldo Júnior, criador em Garanhuns.

Queijo coalho e indicação geográfica

A robusta produção de leite no Agreste Meridional aquece ainda a fabricação de queijos artesanais e laticínios na região. O destaque é a produção de queijo coalho, que está em processo para conquistar o registro de Indicação Geográfica (IG), reconhecimento que vai valorizar ainda mais o produto e abrir novos mercados para os empreendedores do setor.

Este registro faz parte de um projeto desenvolvido pelo Sebrae/PE e pela Adepe que tem como objetivo ampliar o número de Indicações Geográficas no estado. Para isso, a Associação dos Produtores de Queijo Coalho da Região Agreste de Pernambuco fez uma modificação no seu estatuto e vai atuar como substituto processual para este pedido no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). A expectativa é que o processo seja concluído ainda no próximo ano, beneficiando os produtores locais.

As Indicações Geográficas são certificações concedidas a regiões que se tornaram conhecidas ou apresentam características distintivas ligadas a um produto ou serviço. Elas podem ser classificadas como Indicação de Procedência (IP), quando a região já é reconhecida pela produção, fabricação ou extração de determinado produto ou prestação de determinado serviço, ou Denominação de Origem (DO), quando há uma ligação entre as características do produto e seu meio geográfico e dos fatores naturais e humanos ali presentes. Atualmente, Pernambuco conta com três IGs registradas: o Porto Digital, no Recife; os Vinhos do Vale do São Francisco e as Uvas e Mangas do Vale do Submédio do São Francisco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário