Que os políticos tentem sobreviver depois de um tsunami de
denúncia é compreensível. Não dá para engolir é a imprensa, com carinha de
espanto, tentando fazer as pessoas apoiar essa gente que tomaram as instâncias
de governo de assalto.
Mesmo havendo denúncias e fortes
indícios de que o Congresso Nacional e Palácio do Planalto tornaram-se um
balcão de negócios, onde se vende a legislação ao gosto da empreiteira, eles
estão sempre ouvindo os “analistas” para dar uma forcinha, sabe-se lá a que
custo, a essas milícias governamentais.
Nesses momentos críticos usam
demais o clichê de que “não se vive sem político ou sem a política”. Disso
ninguém discorda. Uma coisa é viver sem política, outra bem diferente é viver
sem larápios do dinheiro público.
Ainda querem aprovar o
financiamento público para campanhas eleitorais. É preciso reforçar que os
candidatos já possuem certa notoriedade junto ao público. Também é preciso
acabar com essa visão de que as campanhas devem ter gastos astronômicos. A tese
de que os bilhões de dinheiro público para as campanhas têm por objetivo os
candidatos sem recursos é pura falácia para dar dinheiro aos renomados. Em
síntese, a população tira o dinheiro do remédio para ser enganada com
propagandas mentirosas.
Outra defesa enfática e até raivosa
é de que a população não deve vaiar os homens que tiraram até a água do povo
para se locupletar. Esquecem-se do período de campanha quando eles invadem a
casa das pessoas sem pedir permissão nem com autorização prévia.
Já os cidadãos não podem ir à frente
das casas deles para demonstrar sua insatisfação. Se os gritos fossem de
apoio, as imagens seriam capas de revistas e de jornais. E os gritos seriam
manchete de abertura de noticiários de televisão.
E essa corda do abismo moral não
para de esticar. Enquanto para a sociedade é péssimo saber que não sobra um
político para apagar a luz, para eles isso é alentador, como se manifestou Lula
numa emissora de rádio. Por essa lógica, a falha só é grave se for exceção, e
cometida por poucos, quando se torna regra passa a ser virtude.
Pedro Cardoso da Costa –
Interlagos/SP
Bacharel
em direito
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