Por Ricardo Antunes – O presidente eleito Lula (PT) caiu em algumas armadilhas e cometeu erros no discurso que fez no ato de sua diplomação, promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília. Prestes a assumir um país dividido, o petista acabou por pregar para seus convertidos, numa demonstração de que os palanques não vão desmontar nem tão cedo. Lula acaba por repetir Bolsonaro, que também falou para seu próprio núcleo em vez de tentar cativar novos apoiadores.
Em lágrimas, Lula afirmou que sua vitória simbolizava que “o povo brasileiro reconquistou o direito de viver em democracia”. Com a frase, acabou por desmerecer os votos de seu adversário, a quem derrotou por cerca de dois milhões de votos, ou menos de um ponto percentual. Lula quer manter a ilusão de que a democracia foi quebrada no governo Bolsonaro, que, embora autoritário, manteve o regime democrático de forma normal.
O petista também definiu o governo do adversário como “um projeto de destruição do poder no País ancorado no poder econômico”. No entanto, Lula omitiu o fato de que foi ele, e não Bolsonaro, quem recebeu apoio do núcleo do empresariado nacional. Inclusive, também recebeu aval de renomados economistas que ajudaram a construir o Plano Real.
Para assumir o País, Lula precisará rever muita coisa em suas falas. Mexer com adversários e alfinetar em horas e atos institucionais é como cutucar onça com vara curta. Basta lembrar que na posse de Bolsonaro, no primeiro dia de 2019, ele puxou uma bandeira do Brasil no Parlatório e disse que ela “jamais seria vermelha”. Insistiu com isso em manter o confronto por quatro anos, contaminando assim a avaliação do próprio governo. Pagou um preço caro, sendo o primeiro presidente a não conquistar a reeleição. Ao invés de aprender com a história, Lula parece incorrer no mesmo erro do rival.
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