sábado, 22 de abril de 2023

A Mãe dos pobres vai as compras de novo





Horas após chegar a Lisboa, nesta sexta (21), a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, saiu brevemente do hotel onde está hospedada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para fazer compras em uma loja de grife na Avenida da Liberdade, principal ponto de comércio de luxo na capital.

Janja ficou por pouco mais de 20 minutos no local, um estabelecimento da marca italiana Ermenegildo Zegna, especializada em roupas masculinas, e saiu de lá segurando uma sacola da grife. A primeira-dama não quis responder a perguntas dos jornalistas sobre o conteúdo dentro da embalagem. As informações são da Folha de S. Paulo.


Procurada pela coluna Mônica Bergamo, da Folha, a assessoria da primeira-dama afirma que “houve um imprevisto, e Janja saiu para comprar uma gravata para o presidente”. “A loja em questão era a mais próxima [do hotel onde Lula e Janja estão hospedados] e de fácil acesso.” A marca, conhecida por seus ternos, fica a poucos metros de distância do hotel onde a comitiva presidencial está acomodada.

Após as discussões envolvendo o fim da isenção de impostos para compras internacionais de baixo valor, as imagens da primeira-dama visitando uma loja de luxo na Europa geraram polêmica nas redes sociais, com críticas de parlamentares da oposição como o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP).

“Enquanto Haddad quer criar imposto para o mais pobre, Janja faz compras em lojas de luxo na Europa”, escreveu ele no Twitter. “E ainda tem quem diga que Lula é o pai dos pobres.”

A bolsonarista Carla Zambelli (PL-SP), colega de Kim na Câmara, foi na mesma toada. Para ela, Janja “perdeu a noção e o respeito total pelo dinheiro suado do povo brasileiro”. “Se é que um dia já teve.”

O presidente Lula e sua comitiva desembarcaram em Portugal na manhã desta sexta-feira (21), e não houve compromissos oficiais na agenda. Na terça-feira (18), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo recuou da ideia de acabar com a isenção da taxa de importação para encomendas de até US$ 50 (cerca de R$ 247) remetidas por pessoas físicas e também destinadas a pessoas físicas.

A proposta havia gerado repercussão negativa nas redes sociais depois de ter sido anunciada pelo Ministério da Fazenda devido à possibilidade de aumento nos preços de produtos comercializados por plataformas internacionais, principalmente varejistas asiáticas, como AliExpress, Shein e Shopee.

Depois da repercussão, Janja foi às redes sociais em defesa da medida do governo Lula. Em resposta a uma postagem da conta Choquei, afirmou que “a taxação é para as empresas, não para o consumidor”.

O MBL (Movimento Brasil Livre), porém, compartilhou e rebateu os posts da mulher do petista. “As empresas já são taxadas. O próprio governo argumenta que tinha empresa usando CPF para comprar, mas era PJ. Essa taxação nova atinge apenas pessoas físicas.”

A decisão da Fazenda de equiparar as regras para pessoas físicas e jurídicas tinha como objetivo fechar o cerco a empresas estrangeiras que se utilizam de brecha na legislação brasileira para vender produtos importados sem pagar imposto. Haddad afirmou que o governo deve propor em maio uma solução administrativa para endurecer o combate à sonegação fiscal, em substituição ao fim da isenção.

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