Abertura de CPIs, votação de projetos polêmicos e investigações viram combustível para divisão
De um Lado o Presidente Lula do outro Bolsonaro |
Após o País sair dividido das eleições presidenciais de 2022, a sombra da polarização tende a ser retomada com a perspectiva de abertura de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) dos Atos Golpistas e do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Além disso, projetos de lei que dividem opiniões como o PL 2630/20, conhecido como Lei das Fake News, cujo relatório foi entregue na última sexta-feira e tem votação prevista para a próxima terça, dividem opiniões e devem ser palco para o resgate da guerra de narrativas entre Governo e oposição.
Enquanto isso, o Governo Lula, ainda nos seus primeiros meses, tenta aprovar matérias estratégicas para a gestão e não deixar com que a guerra política afete as ações do Governo. Já a oposição tenta manter vivo o seu projeto político para 2026 e blindar a imagem do seu principal líder, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), das investigações que rondam o político.
Bolsonaristas no alvo de apuração
Nos últimos dias, apurações fecharam o cerco contra aliados e o próprio Jair Bolsonaro. Na última sexta-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, rejeitou pedido de soltar o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, preso por suposta omissão para conter atos golpistas.
Além dos seus aliados, o próprio ex-presidente é alvo de investigações. Na última quarta, o ex-gestor prestou depoimento à Polícia Federal e negou ter incentivado os protestos que resultaram na invasão à sede dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Já o Ministério Público Federal (MPF) investiga indícios de peculato e patrocínio de interesse privado perante a administração fazendária na conduta do gestor no caso das joias dadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente.
Ofensiva contra o Governo
Já o Planalto vê uma ofensiva contra o general Gonçalves Dias, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e do major José Eduardo Natale. A conduta dos oficiais nos Atos de 8 de Janeiro será um dos alvos da comissão. Tanto que a CPI dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, acesso aos depoimentos dos agentes.
Estratégias diversas
O cientista político Hely Ferreira vê um processo natural de pressão sob o governo. Segundo ele, o Planalto enfrenta dificuldades para montar uma base governista sólida no início da gestão. Sobre a abertura de CPI’s, o professor avalia que os seus reflexos dependem do que for apurado pelo colegiado.
“O governo pode ter prejuízo se a CPI mostrar participação do governo. Se não houver indícios de participação, o Governo sai mais forte”, avaliou. Sobre a oposição, Ferreira acredita que a comissão pode ser um tiro no pé e que estratégias como a criação da CPI do MST podem ser uma tentativa de reverter as investigações. No entanto, o professor acredita que o fato da CPI não acontecer em ano eleitoral reduz o acirramento. “Toda CPI é um espetáculo. Como não é ano eleitoral, ela tende a não ser tão intensa”, disse.
Já o cientista político Alex Ribeiro acredita que a estratégia de reativar a polarização é a principal tática adotada pela oposição, enquanto o governo tenta montar sua base e isolar bolsonaristas.
“Essa é a principal estratégia dos bolsonaristas. Acentuar a rivalidade com o governo, o PT e os lulistas. As eleições de 2022 é considerada uma das mais ideológicas no país. Foi uma das mais equilibradas também do ponto de vista da quantidade de votos. E como Lula está no começo do mandato a polarização, de certa forma, ainda continua. E enquanto o mandatário do país tenta conseguir atrair atores de centro e isolar os bolsonaristas, estes vão tentar desconstruir o atual governo com vários instrumentos e a CPMI talvez seja a ferramenta que este grupo precise para ter mais protagonismo”, conclui.
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