Com trabalhos selecionados no edital de ocupação de pautas, mostra terá abertura nesta quinta-feira (16) com vernissage para os artistas e convidados. Já a visitação aberta ao público acontecerá de 17 de maio a 14 de julho deste ano
“Estamos muito felizes com a abertura desta convocatória, porque há dez anos que a Torre Malakoff não tinha um mecanismo de ocupação dessa natureza, com um prêmio para os artistas. A ideia é que a gente tenha uma amostragem do que é produzido em arte contemporânea aqui em Pernambuco”, explica a presidente da Fundarpe, Renata Borba.
Maria Eduarda Belém, gestora da Torre Malakoff, também destaca que “além da premiação para montagem da exposição, o edital tem uma particularidade que é possibilitar que os artistas comercializem seus trabalhos, inserindo o artista no mercado e valorizando o seu trabalho”.
Segunda a secretaria de Cultura Cacau de Paula, “a exposição Observa é mais uma ação da gestão em prol da valorização da cultural do estado, evidenciando a nova cena de artistas e atuando fortemente na formação de plateia”.
TORRE MALAKOFF – O equipamento cultural é um importante monumento tombado pela Fundarpe e localizado no Bairro do Recife, área tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). Foi construído no século 19, com materiais provenientes da demolição do Forte do Bom Jesus, para servir como observatório astronômico e portão monumental do Arsenal da Marinha. O caráter militar da obra está presente em sua fachada e na simetria de sua planta, lembrando também mesquitas do Oriente.
Conheças as mostras que compõe a exposição Observa:
Nada Acaba No Vazio, de Abiniel João, investiga relações de presença e ausência, visibilidade e invisibilidade, opacidade e nitidez. A mostra se debruça sobre o pensamento a partir do espaço e as possibilidades de vida que surgem e/ou se revelam desde o estabelecimento de uma corporalidade fértil e suas ficcionalidades. A proposta é um laboratório que atrita relações de presenças humanas e mais que humanas. Partindo de um processo de instalação, a exposição conflui processos poéticos inéditos e estabelece um panorama atual da investigação poética do artista.
O Que Eles Chamam De Amor, de Clara Nogueira, apresentará dez quadros e uma instalação que têm como principal materialidade tecidos, linhas e cores, explorando a técnica têxtil do bordado manual, traço já marcante na trajetória da artista. Na exposição, Clara Nogueira coloca em questão o tema do trabalho feito por mulheres, tendo como base a ideia de reprodução social do trabalho no sistema capitalista. A partir dessa noção, da crítica à naturalização, à invisibilização e à precarização do trabalho doméstico e de cuidado que Clara Nogueira desenvolveu suas obras, feitas em 2022.
Topologias de Feedback #2, de Henrique Correia, pode ser definida como uma alegoria para as experiências que se acumulam nas mentes e se preservam recônditas. Na qual existe um processo de criação de um novo lugar, um lugar-outro, que provoca o desnudamento de eventos dentro de um espaço onde ondas cerebrais são transformadas em sons na radicalidade do presente. Um lugar com uma topologia própria, no qual os sons refletem a subjetividade de quem habita este espaço, nem que seja por um breve período de tempo. A obra foi um dos frutos da pesquisa de mestrado realizada pelo artista na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), entre os anos de 2018 e 2020.
O Fim é o Começo, de Ramonn Vieitez, apresentará dez trabalhos, incluindo telas e objetos táteis, em uma continuação da pesquisa recente do artista. O artista traz para a exposição paisagens e figuras masculinas imersas em um universo singular. Dentre as obras, destacam-se algumas peças táteis, permitindo aos visitantes uma interação única com a exposição. Essas paisagens representam uma exploração audaciosa da natureza, indo além dos limites da imagem para revelar uma abordagem particular da paisagem. O encontro de volumes, formas estruturadas e contrastes cromáticos cria uma paisagem cultivada que transcende fronteiras convencionais.
Minibiografias dos artistas
Henrique Correia – É pesquisador, artista sonoro, professor e compositor. Sua pesquisa acadêmica e poética é atravessada por uma investigação sobre feedback, topologias, sons transientes, intersemiose e o esvaziamento da referencialidade através de meios multimídias. Tem uma curiosidade incessante pelas zonas limítrofes existentes na saturação e no silêncio. Atualmente integra os grupos: Camerata dos Pés Juntos (com Túlio Falcão, Thelmo Cristovam e Yuri Bruscky) e Criptido (com Yuri Bruscky). Em 2020, durante a pandemia, fundou o coletivo Frestas Telúricas que promoveu doze edições envolvendo performances, videoartes e apresentações musicais, ocorridas virtualmente, ao longo da pandemia. O coletivo também promoveu dois eventos presenciais, sendo um deles realizado na cidade de São Paulo (2022) e outro realizado no Recife (2023). Colaborou em diversos trabalhos envolvendo dança e vídeo arte. No ano de 2019, estreou a obra Topologias de Feedback #1 na cúpula Niemeyer em Niterói. É também curador e produtor da série de apresentações de música experimental intitulada Muído.
Clara Nogueira – Olindense, nascida em 1985, é mãe de José e Pilar. Arquiteta e urbanista, bordadeira, tecelã e crocheteira nos desvios; Mestra em Artes Visuais pelo PPGAV UFPE/UFPB; Doutoranda em Desenvolvimento Urbano no MDU-UFPE. Idealizadora, coordenadora e pesquisadora do projeto Mulheres que Tecem Pernambuco. Desenvolve pesquisas que tratam de questões de gênero, têxtil, trabalho, território, patrimônio. Tem o projeto artístico pessoal Linhas de Fuga, plataforma de divulgação de seus trabalhos têxteis que caminham por seus colapsos e revoluções. Participou de diversas exposições coletivas em Pernambuco e na Paraíba desde 2015. Fez uma em dupla com a artista visual Clarissa Machado (Incomum, em 2016, na Galeria MAUMAU/ Recife, PE). Outra individual virtual, a Bestiário Feminino, 2021 (online, com incentivo da Aldir Blanc) e Mátria, em 2022 (no projeto Agregados, na Casa Balea, em Olinda). Desde 2023, vem estudando pintura a óleo no Atelier Ploeg. Ilustrou três capas de livros de poesia (Editora Mandacaru 2021 e Edições Flecha 2023). Também é facilitadora de oficinas de bordado e tecelagem desde 2014.
Ramonn Vieitez - Nasceu no Recife, é autodidata, e utiliza primordialmente a pintura como campo de possibilidade criativa produzindo compulsivamente trabalhos que entrelaçam imagens autorreferentes. Como pessoa queer, ele brinca com uma variedade de referências, mesclando questões relacionadas à memória, pertencimento, devaneio e cultura pop. Já participou de diversas exposições individuais, como no Museu do Homem do Nordeste, Mercado Cultural Eufrásio Barbosa e na Galeria Amparo 60, Baró e Portas Vilaseca. Também participou de diversas exposições coletivas, entre elas Sempre Nunca Fomos Modernos, no Museu do Estado de Pernambuco; e Atentxs e Fortes – 50 Anos de Stonewall, na Casa de Cultura da América Laitina Dex/UNB. Ao amor do Público I – Doações da artrio (2012-2015), no Museu de Arte do Rio (Mar), e está em coleções como a do Museu de Arte do Rio (Mar), Museu de Arte Moderna (Mam-Rio) e Arte al Límite em Santiago do Chile, entre outras.
Abiniel João Nascimento – É artista visual, bacharel em Museologia (UFPE), discente no Mestrado em Artes Visuais (UFPE), com formação em Fotografia Expandida (EAV Parque Lage). Tem como base de sua prática as possibilidades de expansão e liberdade no atritamento das técnicas artísticas as quais lhe interessam. Dentre as exposições, festivais e residências que participou conta com a exposição ACEIRO, mostra individual nas galerias Massangana e Baobá (Recife) fruto do prêmio de residência artística da Fundação Joaquim Nabuco, em 2022; o festival Radical Sounds Latin America, em Berlim (2023); e das residências no Pivô – Arte e Pesquisa (São Paulo, 2023) e na Galerie Paradise (Nantes – FR, 2022). Compõe a autoria do livro E se? Arquivos, fotografias e fabulações (Editora Livrinho de Papel Finíssimo, 2023) e do catálogo Imburaninha dos artistas Edson Barrus Atikum e Yann Beauvais (Experimento Produções, 2022).
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