segunda-feira, 18 de agosto de 2025

União Progressista: o novo centro de gravidade da política brasileira

 

Foto: Reprodução Instagram

Por Edmar Lyra

Nesta terça-feira será oficializada a federação União Progressista, que unirá União Brasil e Partido Progressista. Não se trata apenas de um rearranjo burocrático, mas da consolidação de um novo centro de gravidade na política nacional. O movimento é sintomático de um Congresso cada vez mais pragmático, em que a lógica da governabilidade se sobrepõe a qualquer discurso ideológico.

União Brasil e Progressistas, sozinhos, já eram legendas de peso, com bancadas expressivas e capilaridade nos estados. Juntas, passam a constituir a maior federação do país, tornando-se praticamente incontornáveis para qualquer projeto de poder. A mensagem é clara: quem quiser governar o Brasil a partir de 2026 precisará negociar de forma prioritária com esse novo bloco. A União Progressista nasce como fiel da balança, capaz de dar estabilidade a um presidente ou de inviabilizar sua agenda.

O impacto eleitoral é imediato. A federação não apenas soma tempo de televisão e recursos robustos de fundo partidário, mas também estrutura uma máquina com milhares de prefeitos, vereadores e lideranças locais. Isso faz diferença em cada palanque estadual e obriga candidatos a governador a buscarem acomodação com o novo grupo. Em um país de dimensões continentais, a capilaridade é tão importante quanto as alianças nacionais. A União Progressista sabe disso — e jogará com esse trunfo.

No tabuleiro presidencial, o cálculo é ainda mais delicado. É improvável que um candidato chegue ao Planalto sem o beneplácito, direto ou indireto, da federação. Ela pode optar por lançar candidatura própria, mas mesmo que não o faça, será cortejada como nunca. O tamanho da bancada garantirá peso na formação de maioria no Congresso, e o pragmatismo que caracteriza tanto União Brasil quanto Progressistas sugere que a negociação será pautada menos por afinidades ideológicas e mais por espaços concretos no governo: ministérios, estatais, orçamento.

É preciso também analisar o simbolismo. A União Progressista consolida um polo de centro-direita mais coeso, rompendo com a fragmentação que muitas vezes diluiu sua força nos últimos anos. Ao contrário de outras federações que nasceram mais por necessidade de sobrevivência, esta surge com fôlego, recursos e estratégia. É, portanto, um movimento que pode inaugurar uma nova fase: a de federações robustas, capazes de redesenhar o mapa político nacional.

A questão central é que essa fusão redefine as regras do jogo. Não importa quem esteja na frente das pesquisas hoje, a disputa presidencial de 2026 terá que passar, obrigatoriamente, por um acerto com a União Progressista. O mesmo vale para as disputas estaduais. Essa federação não será coadjuvante, mas protagonista. O poder de veto que carrega consigo é imenso — e, no Brasil, muitas vezes quem tem o poder de vetar manda tanto quanto quem tem o poder de propor.

A federação União Progressista é, portanto, mais do que uma aliança partidária. É o nascimento de um gigante que se coloca no centro do tabuleiro político, impondo a todos os demais jogadores a necessidade de recalcular suas estratégias. E isso muda tudo.

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