Trata-se se de uma guerra injusta, como
qualquer guerra. Como as outras, nesta todos saem perdendo. Essa é bem longa e
ainda não acabou e, diferente das demais, teve motivo suficiente que a
justificasse.
Começou
no longínquo ano de 1998. Após prestar atenção num trecho do livro "Não
Erre Mais", de Luiz Antonio Sacconi, com uma dica de que horas só teria
uma abreviatura correta. Seria somente horas com a letra "h"
minúscula e quando fracionada, com "h" entre horas e minutos e min,
no final. Assim: 10h,
18h, 24h ou 10h10min, 11h11min ou 00h16min. As demais formas eram inglesas
e norte-americanas, em razão de representação digital, ou invencionices
brasileiras.
Passei
a prestar atenção quais meios de comunicação tinham a preocupação de escrever
da forma correta. As revistas Veja e ISTOÉ não escreviam; os jornais O Estado
de São Paulo e a Folha de S.Paulo, também não. Do mesmo modo o ex-impresso
Jornal do Brasil e O Globo, meu oponente atual. E todos os outros veículos de
comunicação. E, ainda, essa forma errada aparecia nos telejornais, nas novelas,
e em toda a mídia brasileira. O erro era seguido até por sites de relevantes
órgãos públicos, como o da própria Presidência da República, da Câmara dos
Deputados, do Senado. Os do Supremo Tribunal Federal-STF e da Confederação
Brasileira de Futebol-CBF que mantêm o erro até hoje. O pior era que o erro se
repetia até nos sites das secretarias e no do Ministério da Educação, órgão
máximo responsável oficialmente por essa área. As igrejas erravam nos horários
de missas e cultos.
Naquele
ano de 1998, escrevi um texto com o título do livro e o encaminhei aos jornais,
especialmente aos citados questionando a existência do erro, já que se fosse
representado da forma correta, facilitaria para que os leitores passassem a
escrever também corretamente. Fiz o mesmo encaminhamento aos governos
estaduais, prefeituras e até para o Ministério da Educação. Cheguei a entregar
algumas cópias do texto às empresas que confeccionam faixas e cartazes.
Alguns
veículos de comunicação corrigiram imediatamente. Outros, não. Alguns mantinham
os erros apenas em determinadas seções, especialmente nas de classificados. Mas
seguimos em frente.
Algumas
mudanças foram apenas para trocarem de erro e isso perdura até hoje. Passaram,
principalmente, a representar “10:30h”. Mas houve avanço a ponto de até os
postos de combustíveis grafarem corretamente o atendimento de 24h. Aliás, cobro
muito dos postos em todos os sentidos, devido ao atendimento contínuo e o tempo
que as pessoas ficam para abastecer.
O
Jornal O Globo trocou a abreviatura de minutos por metro, "m". Já
escrevi inúmeras vezes para os e-mails do jornal, mas o erro permanece. Já
liguei, mas teima em manter o erro. Não imagino que seja pelo poder que queira
mudar até a regra gramatical. Só que enquanto não altera a regra, deveria
corrigir. Enquanto isso, outros veículos de comunicação mantêm nome de mês com
letra maiúscula, dia de semana como segunda, terça e não terça-feira,
quarta-feira e assim segue o festival de erros gramaticais em todo o país.
Não
sou especialista no assunto. Embora toda guerra seja desumana e injusta, essa
ainda é mais desigual. O conjunto de “os Globos” aparece diariamente para
milhões de pessoas e um ser comum não é visto por ninguém. Mas como o erro não
tem força, por ser erro, esta formiga precisa vencer o elefante. Várias
batalhas foram perdidas, mas a guerra deverá ser vencida pelo bem de todos.
Pedro
Cardoso da Costa – Interlagos/SP
Bacharel em direito
Nenhum comentário:
Postar um comentário