Bancos sob pressão: governo quer juros menores em cartões de crédito
Descontentamento com os juros exorbitantes cobrados no rotativo não se restringe aos bancos privados e também atinge o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, controlados pelo Tesouro Nacional
Meirelles: prazo de transferência dos recursos a lojistas pode ser reduzido
Se os bancos não reduzirem os juros do cartão de crédito rotativo, que em outubro chegaram a 475,81% ao ano, o Conselho Monetário Nacional (CMN) reduzirá o prazo que as operadoras têm para repassar os recursos aos lojistas. A afirmação foi feita pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao ser questionado se tinha recuado na proposta anunciada no pacote de reformas microeconômicas.
Atualmente, os lojistas recebem o pagamento das compras realizadas por meio de cartões após 30 dias. Sem a queda dos juros pelos bancos, Meirelles defende a redução desse prazo, o que, segundo ele, implicará preços menores para os consumidores. “Os juros são definidos pelos bancos, mas vamos observar essa queda à frente. Se não acontecer, diminuímos o prazo (de pagamento aos lojistas). Isso não seria hoje. O CMN tomará essa decisão na reunião de janeiro”, afirmou.
O ministro disse que não recuou nas medidas propostas. “O cronograma continua rigorosamente igual. As medidas serão tomadas de uma forma ou de outra. O mais importante é que o custo para o consumidor fique menor, seja por meio da queda de juros, seja pagando o lojista antes para que ele possa reduzir o preço”, disse.
Operadoras de cartões de crédito chegaram a indicar que podem elevar juros e tarifas caso passem a ficar menos tempo com o dinheiro das transações, mas, para Meirelles, é pouco provável que o sistema financeiro adote represálias. “É um processo normal, tranquilo. Não acredito que haja disputa ou ameaças, o relacionamento com instituições financeiras é respeitoso, afirmou.
Instituições públicas
Técnicos da Fazenda destacaram que o descontentamento do governo com os juros exorbitantes cobrados no rotativo não se restringe aos bancos privados. Também atinge o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal, controlados pelo Tesouro Nacional. A ordem é para que BB e Caixa expliquem, detalhadamente, porque cobram juros anuais que passam de 400% ao ano. Não há, no entender de assessores de Meirelles, nada que justifique isso.
Outro ponto que tem causado estranheza entre os assessores palacianos é que nem o BB nem a Caixa anunciaram o repasse para os clientes dos dois cortes de 0,25 ponto percentual que o Banco Central fez na taxa básica de juros (Selic) desde outubro último. Os dois bancos aumentaram as margens de lucro.
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