A retomada das atividades da educação pública em Pernambuco deve ser feita por meio de um plano específico para o setor, que já está sendo elaborado pelo Poder Executivo e discutido com as entidades ligadas ao tema no Estado. As informações são do secretário de Educação, Frederico Amancio, que participou de debate realizado pela Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, nesta quarta.
O gestor explicou que a complexidade da área exige um planejamento exclusivo para a comunidade escolar. “Que diz respeito a como vai se dar o processo, como vão se dar as etapas do processo, quais os cuidados que devem ocorrer e também como isso vai impactar na reconstrução do calendário escolar.”
Ele afirmou que o Estado foi ágil em garantir a continuidade das atividades não presenciais por meio da internet e canais de TV aberta. Porém, reconheceu as limitações do método e afirmou que o novo calendário precisa contemplar as diferenças entre essas realidades. “Cada escola, a partir do aprendizado dos estudantes, a partir da carga que foi possível avançar, ela vai estabelecer o seu calendário de reposição, claro, observando as diretrizes da Secretaria de Educação e Esportes, mas isso vai ser feito de forma individualizada e olhando as individualidades e peculiaridades de cada uma das escolas.”
O secretário Frederico Amâncio ainda sinalizou que o ano letivo de 2020 deve se estender até meados de 2021. “Eu acho que isso fatalmente vai acontecer, mas ele não pode entrar muito, porque se não ele também compromete o calendário de 2021.”
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Heleno Araújo, reforçou que nenhuma iniciativa pode ser excludente. Ele acrescentou que, para além da aprendizagem, as medidas precisam garantir a vida e a saúde da comunidade escolar. “Aqui em Pernambuco, deputado Romário Dias, só somando o setor público e privado, os estudantes e os profissionais da educação, nós somos 25% da população pernambucana, se você incluir as famílias, esse número aumenta, veja o impacto de qualquer medida nessa massa da população que nós representamos.”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Fernando Melo, relatou a falta de treinamento para professores atuarem nas novas plataformas. Ele também se preocupa com as possibilidades de disseminação do vírus nas escolas. “Qualquer situação de contaminação nesse ambiente, vai ter uma explosão de casos em todo o Estado.”
A integrante do Conselho Estadual de Educação, Edivania Arcanjo, informou que a entidade já discute uma resolução para auxiliar no retorno das aulas pós-pandemia, mas ponderou que o trabalho é extenso, com muitas variáveis a serem consideradas. “A educação prisional, a educação quilombola, jovens e adultos, especial, educação indígena, educação superior, no bojo dessa resolução tem que trazer todas essas modalidades, etapas, direcionamentos e encaminhamentos que serão feitos.”
Em nome dos alunos, a integrante da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, Adriele Andrade, pediu que eles fossem ouvidos nas discussões. Ela fez um relato da situação emocional preocupante de grande parte dos colegas. “A gente vê que muitos alunos estão com alguns problemas emocionais, como depressão, ansiedade, o que vem prejudicando muito esse processo de aprendizagem também.”
O debate foi solicitado pela deputada Teresa Leitão, do PT, que se disse preocupada com a falta de apoio do Ministério da Educação para conduzir o processo. “Sem o comando central por parte do Governo Federal, o que tem deixado Estados e municípios muito assoberbados com as questões que precisam tomar, com as decisões que precisam tomar.”
O presidente da Comissão, deputado Romário Dias, do PSD, agradeceu a participação dos convidados e colocou o Colegiado à disposição para novos debates sobre o tema.
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