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Nesse mês, de tantas comemorações, dedico-me a uma, em especial: o dia do professor.
Minha primeira colocação é uma pergunta: o que é ser professor? Para que fique bem claro é muito mais que exercer uma profissão, dar aulas, aplicar e corrigir provas. Exige muito esforço, preparo, conhecimento, pesquisa, tempo e dedicação, mais ainda, requer compromisso e comprometimento.
O verdadeiro significado da palavra professor é aquele que professa. O mesmo que exerce, exercita, preconiza, ensina, confessa, abraça e ainda declara e reconhece. É o profissional que faz a diferença na vida dos seus alunos.
Faço aqui um parágrafo para dizer que, pessoalmente, não gosto da palavra aluno. Como diz Aurélio Buarque em seu dicionário, “aluno” tem origem no latim, onde 'a' corresponde a “ausente ou sem” e 'luno', que se deriva da palavra 'lumni', e significa “luz”. Portanto, aluno quer dizer sem luz, sem conhecimento. E são esses que recebem nas salas de aulas, pelos seus professores, a luz que precisam para adquirir a aprendizagem. Gosto da palavra estudante: pessoa que estuda, que frequenta qualquer estabelecimento de ensino; aluno, discípulo, escolar. O estudante valoriza o conhecimento, que traz consigo e, como bom educando, com os ensinamentos do professor, acrescenta o aprendido para a vida futura.
Agora quero fazer um reflexão nos dias atuais. Segundo o educador pernambucano, Paulo Freire (1921-1997), o papel do professor é estabelecer relações dialógicas de ensino e aprendizagem; em que, ao passo que ensina, também aprende. Ambos aprendem juntos, em um encontro democrático e afetivo, em que todos podem se expressar. Muito me deixa triste quando vejo sistemas políticos querendo omitir do processo educacional o nome desse que é o maior educador brasileiro.
Quando Paulo Freire fala da capacidade do professor em ensinar e aprender, ele aprofunda aquilo que tem de mais importante na educação: o papel de mestre, presente, definitivo, absoluto e necessário para o processo de aprendizagem. É o profissional imprescindível e insubstituível pois faz um elo definitivo entre aqueles que trocam conhecimento para comprovar a aprendizagem.
Repensemos agora a atualidade com a pandemia e suas aulas a distância, remotas, híbridas ou como queiram chamar os pedagogos e filólogos, dos dias atuais. E questiona-se: O computador não vai substituir o professor? E eu ouso responder sem a menor dúvida: NUNCA. Repito: nunca, pois as máquinas, para trabalhar precisam ser alimentadas pelo conhecimento, capacidade e calor humano.
Uma coisa é verdade, muitos profissionais passaram a ter medo crescente de que a tecnologia pode acabar com as suas profissões. E isso é totalmente racional e justificável, afinal, equipamentos eletrônicos e a automatização já extinguiram várias profissões. Esse temido avanço tecnológico deixa de cumprir apenas funções motoras e de atividades repetidas e caminha para as mais cognitivas, colocando em risco quase 15 mil profissões, segundo estudo realizado pelo Bank England. Atualmente, os trabalhadores que correm mais risco são os relacionados a organização e a negócios. Secretárias e assistentes estão cada vez mais automatizados e podem ser substituídos por máquinas em poucos anos.
Os professores continuarão insubstituíveis e sabem porquê? Sempre tem um humano por trás das aulas. Não importa se você está vendo um site, videoaula no Youtube ou em fóruns. Todos os momentos são administrados por um professor, que tem sempre que passar o conteúdo para a plataforma ou máquina e então, chegue até você.
O papel do educador é importantíssimo e essencial nesse aspecto, você não consegue ter uma aula sem alguém por trás dessa tecnologia. E para completar essa visão da educação, é bom que todos lembrem do começo que discutimos a capacidade do professor de professar, e saibam que uma máquina é capaz de tudo, menos de colocar emoção naquilo que faz.
A tecnologia não é capaz de criar empatia, por isso o professor é tão necessário. Muitas vezes um professor pode saber que há um aluno precisando de algo, com algum problema e apenas algumas palavras de coragem podem ajudar e muito. Aconteceu comigo. Eu já fui ajudado em diversas situações, algo que nenhuma máquina é capaz de fazer.
Outro ponto que garante é que não vamos ver professores mecânicos tão cedo, uma vez que, apenas o ser humano é capaz de pensar, mesmo em condições adversas. Independentemente do que aconteça ou qual problema ocorra durante a aula, o professor consegue “se virar”. O quadro está molhado e não escreve, o retroprojetor parou de funcionar, sumiu o apagador, esses tipos de situações são coisas que apenas nós podemos corrigir. Então, não se preocupem, nossa profissão está segura por muito tempo.
Quem seria capaz de contar uma piada sem graça em que os alunos morrem de rir? Ou teria o sentimento de corrigir uma prova compreendendo os momentos difíceis que o aluno está passando? Aconselhar naquele instante de dificuldades em casa ou, até muitas vezes, com a primeira namorada daquele adolescente? Quem partilharia as dores e sofrimentos pessoais de cada estudante? Criaria uma expressão aritmética com o resultado da partida do seu time de futebol? Choraria nas vitórias ou nas derrotas que a vida proporciona a cada um dos seus educandos? Isso só para citar alguns fatos. Pois, saibam meus queridos professores, nós somos insubstituíveis e estaremos sempre ao lado desse fenômeno chamado educação. Agora precisamos saber que o uso da tecnologia será imprescindível para o futuro do ensino, porém nunca substituirá o professor
Prof. Albérico Luiz Fernandes Vilela
Membro da Academia Pernambucana de Educadores
Membro da União Brasileira de Escritores
Membro do Lions Club Internacional
Diretor Pedagógico da UNIC – Universidade da Criança
Palestrante da Área de Educação
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