sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Lula aposta nas relações institucionais para garantir governabilidade

 

Foto: Reuters

Por Edmar Lyra

O presidente eleito Lula assumirá pela terceira vez o comando do Palácio do Planalto em janeiro. Sua volta ao poder acontece após um hiato de doze anos que houve duas vitórias de Dilma Rousseff, o impeachment dela, a ascensão de Michel Temer, a prisão do próprio Lula e a vitória de Jair Bolsonaro em 2018.

Nestes anos, a crise institucional se fez presente no dia a dia da política brasileira e acabou agravando situações econômicas e sociais, sobretudo após a chegada da pandemia que tem sido o maior desafio da humanidade. Político experiente, Lula sabe que assumirá o país em condições mais desafiadoras do que em 2003, pois a eleição dividiu o Brasil ao meio, e para conquistar parte dos insatisfeitos com sua vitória e manter seu eleitorado flutuante que veio pela rejeição do presidente Bolsonaro, Lula terá que dar um cartão de visitas para o Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, setores da economia e a imprensa, numa sinalização de que vai buscar aperfeiçoar as relações entre os setores constituídos para garantir ao país um ambiente de maior normalidade.

O principal sinal que Lula estará emitindo ao establishment será na formação da sua equipe ministerial, dando um caráter mais ao centro com a nomeação de quadros experientes que dialoguem com diversos segmentos sociais. A presença de nomes tarimbados para a esplanada será um primeiro passo para que o país volte aos trilhos da normalidade. Lula emitiu outro sinal importante quando aceitou apoiar a candidatura de Arthur Lira à reeleição para a presidência da Câmara dos Deputados, pois entendeu que neste momento seria comprar uma briga desgastante e sem muitas perspectivas de vitória se optasse por lançar um nome mais alinhado com suas pautas ideológicas.

Esses movimentos serão determinantes para o sucesso do governo Lula, que não só terá Bolsonaro no seu retrovisor, como também o seus dois governos anteriores, que serão inexoravelmente comparados com o terceiro, e dar respostas positivas aos problemas do país será a mola propulsora para que Lula possa fazer novamente história ao comandar pela terceira vez o Palácio do Planalto.

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