*Por Fernando Castilho – Festa importante do calendário cultural de Pernambuco, o Carnaval deve movimentar este ano segundo estimativas da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura do Recife, Fecomercio Pernambuco e do economista Jefferson Lucas, especialista na avaliação de políticas comerciais, projeções de mercado e compreensão das sutilezas das relações comerciais, R$ 2,4 bilhões.
De fato. O Recife tem boas marcas como o Marco Zero e Galo da Madrugada, assim como Olinda saiu da tradição da Pitombeira e do Elefante para transformar o Homem da Meia Noite num evento de mercado que vai muito além da saída de um bloco de carnaval.
O problema de Pernambuco é que tem cultura demais, manifestações culturais demais que acabam inviabilizando estratégias de mercado que possam potencializá-las como produtos.
Não é difícil imaginar o que uma manifestação de Maracatu seria catapultada em termos de exposição de marcas na Bahia.
A Bahia, é importante lembrar, transformou o axé num produto que hoje ancora dezenas de eventos de real potencial publicitário.
Mas como potencializar um Carnaval que, segundo o pesquisador Leonardo Dantas Silva, falecido ano passado, é festejado com 12 ritmos? Ou seja, tem produto demais, manifestação demais para o mercado publicitário trabalhar.
Se bem observado, só agora o Galo e o Carnaval de Olinda estão conseguindo catapultar patrocinadores e agregar marcas.
A Prefeitura do Recife afirma que 2,7 milhões de foliões visitaram a capital pernambucana em 2023. Esperam ao menos 3,5 milhões este ano. Olinda, não menos modesta, fala em até 4 milhões nos seus quase 10 dias de festa.
Curiosamente, tanto a Prefeitura do Recife como o economista Jefferson Lucas estimam que haverá um movimento de até R$2,4 bilhões na economia local – um valor expressivo, considerando-se os dias de festa.
“O Carnaval de 2024 em Recife está preparado para ser um catalisador econômico significativo, destacando-se como um dos eventos mais promissores do calendário brasileiro”, comentou Jefferson Lucas, economista com expertise em economia e sustentabilidade.
É a mesma opinião do Presidente da Fecomércio-PE, Bernardo Peixoto, que comentou a pesquisa: “Os resultados mostram que o Carnaval do Recife é uma festa de grande relevância para a economia municipal.
Isso tem a ver como faturamento. Peixoto lembra que ficou evidente a preferência do empresariado recifense pelas redes sociais enquanto canal de comunicação com os consumidores, consolidando tendências apontadas em pesquisas anteriores realizadas pela Fecomércio-PE. A consulta revela que aproximadamente 3 em cada 4 empresários consultados têm expectativas positivas
Nessa conta entra o investimento do governo do estado de R$20 milhões, incluindo a contratação de artistas locais e diversas ações culturais e educativas. Esse investimento também englobou a promoção do Carnaval com a campanha “Não dá pra explicar. Tem que se viver”, visando atrair turistas de todo o Brasil desde dezembro de 2023.
Outro fato é que esse ano além do impacto econômico, o Carnaval de 2024 em Recife se destaca por sua ênfase na inclusão e no respeito.
Do ponto de vista de negócio, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) revela que no período foram demandados, principalmente, os segmentos de alimentos, bebidas, serviços de beleza e eventos culturais, além, é claro, da cadeia centrada na hotelaria.
“O Carnaval de Recife continua a se posicionar como um dos destinos mais vibrantes e atrativos do Brasil, com um potencial considerável para impulsionar a economia regional e nacional”, concluiu Jefferson Lucas.
Mas o desafio continua. Como sair dos grandes eventos como o da Prefeitura do Recife no Marco Zero e do Galo da Madrugada e promover festas com maiores públicos e de graça. Até porque as empresas de promoção de shows pagos já descobriram esse formato e tanto em Olinda como no Galo da Madrugada conseguiram grande faturamento.
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*Fernando Castilho é jornalista e colunista do JC Online
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