Por Gerson Lima
Jesus Alegria dos Homens - A Paixão de Cristo de Garanhuns sai de cena, mas não sem antes aplaudir e agradecer aos ex-prefeitos, cujas gestões garantiram a sua permanência nesses quase trinta anos. Foi na segunda gestão de Ivo Amaral (in memoriam) no começo dos anos 80 que a peça nasceu e de Ivo, recebeu todo o apoio através de sua peculiar maneira de abraçar as iniciativas que dariam referência cultural a Garanhuns. Com Bartolomeu Quidute, o evento recebeu o reforço e a atenção necessários para se consolidar como atividade cultural que já marcava os dias da Semana Santa em todo o Agreste. O então prefeito Dr. Silvino Andrade, que o sucedeu, procedeu, através da Secretaria de Obras com reparos e a confecção de cenários novos na área do espetáculo. Luiz Carlos Oliveira (in memoriam) colocou em sua administração, todo o suporte necessário ao evento durante os anos de sua gestão, chegando ele mesmo, a participar em cena, num dos anos de temporada, durante o período em que foi prefeito. Durante a gestão de Isaías Régis, o espetáculo passou a ser cuidado com antecipações e iniciativas mais atenciosas. A direção da peça já vinha sendo recebida em seu gabinete para tratar do assunto no mês de janeiro do ano da encenação e um Convênio de apoio financeiro foi mantido desde 2013, garantido recursos para as apresentações de todos os anos.
Foram prefeitos que nos deram lições de respeito e atenção ao bem imaterial da cultura que Garanhuns sempre foi capaz de produzir com qualidade. Demonstraram zelo e afeto as tradições que se formam a partir de apoios como esses e que acabam sendo transferidos ao povo, com legitimidade. Foram gestores capazes também de demonstrar o bom uso democrático do dinheiro público, onde couberam não apenas as iniciativas das gestões, mas também a inclusão de fazedores de cultura avulsos, que geram uma oferta rica em cidadania, difusão, pertencimento e dimensão cultural. Ao invés de agendas para efeitos midiáticos, esses prefeitos preferiram agendas eficazes no pragmatismo de suas decisões, cabíveis e pertinentes ao direito público. Por isso e muito mais, reconhecemos e agradecemos.
Foi nesse convívio de parcerias entre apoiadores, prefeitos, população do bairro do Magano, elenco, a própria diretoria da Associação Teatral que promoveu o evento durante todo esse tempo, instituições diversas da área de segurança, que o espetáculo atravessou seus 29 anos consecutivos no Alto do Magano. E embora a iniciativa da realização da peça seja privada, e isso até dá opção da Prefeitura apoiar ou não, diga-se que todas as gestões até antes da atual, sempre optaram pelo caminho prudente e de harmonia com a população receptora do evento, e se mantiveram atentas à atividade ajudando a realiza-la, todos os anos. O fato é que o espetáculo nunca procurou tirar o brilho de nada e nem de ninguém. Mas, nasceu procurando agregar diversos valores artísticos de Garanhuns e oferecer a cidade e a região, um congraçamento de arte a serviço da Fé, ou mesmo por mero entretenimento. O princípio sempre foi à cultura valorizando seus fazedores de cultura e tendo como espaço de aterrissagem as populações assistidas. A Recente visita a Garanhuns da Presidente da Fundarpe, Renata Borba, para tratar do Festival de Inverno, priorizando, a princípio, seu diálogo com os artistas, produtores e empresários do ramo, sem dar satisfação à administração municipal, é um exemplo claro disso. E foi uma atitude politicamente correta, devendo ser compreendida como uma lição de que não se promove, apoia ou divulga cultura de maneira verticalizada. Tudo deve ser feito através do diálogo enriquecedor, em consideração permanente, com os fazedores de cultura local. Pois é nesse nicho que se encontra todo manancial que subsidia a valorização, a difusão e o fomento permanente de toda a cadeia cultural existente num lugar. Ao invés de se queixar, se sentindo rejeitada, a atual gestão de Garanhuns, deve aprender com isso, modificando seus parâmetros de diálogos com quem faz cultura, aproximações e parcerias que consolidem atitudes de política pública no campo essencial da cultura e sua cadeia produtiva.
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