sábado, 20 de abril de 2024

Mulheres na faixa dos 50 estão trocando tabus por “prazer pago”

 


Do Universa — À procura de sexo de qualidade após um divórcio e a descoberta sexual tardia, Ana Claudia*, 51, encontrou nos garotos de programa o que procurava: “Prefiro pagar para ter prazer”, afirma.

Muitas mulheres na faixa dos 50 anos têm experiências, trajetórias e desejos completamente diferentes das mulheres de gerações anteriores, principalmente em relação ao sexo. Elas sabem o que querem, do que precisam, conhecem seus corpos e não têm medo de explorar ou quebrar tabus. Elas usam vibradores, fazem sexo casual e, cada vez mais, contratam garotos de programa para noites de prazer.

“Não tem nada a ver com solidão. No meu caso, a escolha por pagar pelo sexo tem a ver com liberdade e o controle que exerço sobre a minha vida, meu corpo e meu dinheiro. Me sinto numa fase maravilhosa, de muita descoberta sexual, e às vezes só quero transar, mas de forma gostosa, sempre”, conta Ana Claudia.

Aos 49, Eliane*, solteira, faz coro: “Em meus relacionamentos, que não foram poucos, não via os homens dispostos a se dedicar ao meu prazer. E eu fiz disso uma prioridade”, conta.

Elas têm mais de 50 e querem ter prazer na cama
Elas têm mais de 50 e querem ter prazer na cama

A primeira vez

Ana Claudia conta que a primeira experiência com um garoto de programa foi reveladora, e bastante íntima. Beijo na boca, toque carinhoso, mas também sexo selvagem e sem tabu. “Trouxe meus vibradores e fiquei à vontade. Fiz e recebi sexo oral, beijei na boca e percebi que naquele momento era tudo sobre mim”, revela.

E ela continua: “Quanto estou com um profissional eu transo como quero. Não importa se o sexo é lento ou hardcore: nunca saio sem estar totalmente satisfeita. Me divirto sem me sentir julgada”, afirma.

Eliane, por sua vez, conta que gostaria de ter melhor sexo em relacionamentos pessoais, mas ‘não rola’: “Se pudesse escolher, adoraria que os homens do meu círculo fossem mais abertos e dedicados à parceira. Eu tenho certeza que sou capaz de deixar os homens loucos na cama. Mas como está difícil encontrar, eu contrato”, diz.

E não foi por falta de tentativa, como Ana Claudia faz questão de contar. “Quando me separei, não tive o menor problema em me jogar nos aplicativos ou fazer sexo casual. Me sentia ao mesmo tempo livre para explorar e com pouco tempo para perder. A ideia de poder me satisfazer sexualmente como bem entendesse, sem dar explicações a ninguém, era erótica pra mim. Comecei a sair sozinha, com amigas e a conhecer gente: mas queria focar em homens na minha faixa etária”, diz.

“Tive boas transas e experiências loucas. Conheci muito homem careta na cama. Minhas experiências me fizeram chegar a duas conclusões: que os homens da minha idade querem mulheres mais novas e, principalmente, que eles transam mal. Tudo é uma rapidinha, preliminares curtas, gozam rápido e acabam ali. Eu quero mais”, completa.

Eliane, que namorou homens dos mais diferentes perfis e idades, foi chegando a uma fase cada vez mais madura no autoentendimento de sua própria sexualidade do que seus parceiros. “É como se eles tivessem parado em um tempo no qual sexo é algo burocrático e morno, e eu estou pronta para transas épicas”, brinca.

Para mulheres como Ana Claudia e Eliane, o sexo profissional surge como solução não somente para orgasmos incríveis, mas para escolhas de vida. “Não quero me envolver romanticamente; não quero um homem enfiado na minha casa, não quero me casar de novo. Mas quero explorar minha libido e não dar satisfação do que faço com meu corpo e com meu dinheiro pra ninguém”, diz Eliane.

Valores variam de acordo com o tipo de serviço

Quer pagar quanto?

Os programas duram entre 1h30 e 3 horas e são cobrados por hora ou em pacotes. Em média, Ana Claudia e Eliane desembolsam R$ 1.500 por semana em sessões variadas. O valor da hora dos garotos com quem se relacionam varia de R$ 350, para clientes fixas e mínimo de duas horas, a R$ 500 para clientes novas com a mesma duração mínima.

Os pacotes podem ser semanais, quinzenais e mensais, e existe até uma opção de membership ilimitado por mês, que varia entre R$ 15 mil e R$ 20 mil.

Ana Claudia e Elaine continuam a sair com “homens comuns”, além de manterem suas eventuais sessões com garotos de programa, e esperam que a oferta melhore.

“Se tiver poder suficiente pra ensinar a um homem adulto o que é uma boa transa, a fazer uma mulher ter um orgasmo gostoso e a entender todos os níveis de prazer que ele mesmo pode atingir, todo mundo fica mais feliz”, filosofa Ana Claudia.

Eliane completa: “Da mesma maneira que não vou abrir mão de ter um relacionamento, não vou abrir mão de sexo bom, custe o que custar”. E nesse caso, literalmente.

*Os nomes foram trocados para preservar a identidade das entrevistadas.

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