Do Metrópoles — A palavra usada nos bastidores por lideranças do PSB em relação ao PT é “chantagem”. Segundo membros do partido de Geraldo Alckmin (PSB), pré-candidato a vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Presidência da República, petistas ameaçaram retirar o apoio à candidatura de Danilo Cabral (PSB) ao governo de Pernambuco se o partido insistisse em levar adiante a candidatura do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ) ao Senado, no Rio de Janeiro.
A pressão petista referente à disputa por Pernambuco teria ocorrido desde o início da semana, ao mesmo tempo em que o diretório petista no Rio de Janeiro decidia retirar o apoio à candidatura de Marcelo Freixo ao governo fluminense.
Apesar disso, Molon segue como candidato. A interlocutores de sua campanha, ele confirmou nesta quinta que sua candidatura “segue firme” e poderá contar apenas com recursos de doações diretas, que são permitidas pela lei eleitoral. É uma sinalização à ameaça de dirigentes do partido, de não repassar a Molon recursos do fundo eleitoral.
“Ponto fraco”
Pernambuco é considerado o “ponto fraco” do PSB. Apesar de Freixo ser o candidato ao governo do Rio, ele não é considerado no PSB um membro nato do partido e seu nome é apontado por membros da sigla como um projeto mais de Lula do que dos socialistas, ao contrário da importância que a legenda dá Pernambuco, estado que governa há quase 20 anos.
Diante dessa premissa é que a “chantagem” teria ocorrido, segundo lideranças do partido socialista que se recusam a falar abertamente sobre o assunto.
Foi a pressão petista, no entanto, que provocou a reunião na noite de quarta-feira (4/8), da qual participaram o presidente da legenda, Carlos Siqueira, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, o prefeito de Recife, João Campos, o deputado Milton Coelho (PSB-PE), o ex-governador de São Paulo, Marcio França, e o ex-deputado Beto Albuquerque (RS).
Foi nessa reunião que se decidiu por asfixiar a candidatura de Molon, retirando recursos do fundo partidário e do fundo eleitoral. Embora seja uma medida radical do PSB, essa não foi a mais grave sanção a Molon discutida na reunião.
De acordo com fonte do partido, Câmara, Campos e Coelho passaram a defender não só a retirada da candidatura, mas também, a destituição de Molon do posto de dirigente do partido no Rio de Janeiro.
Houve ainda quem defendesse não aceitar nenhuma das pressões vindas do PT e chamar uma reunião com o ex-presidente Lula com o objetivo de colocar as exigências na mesa.
A proposta vencedora foi, no entanto, a de retirada dos recursos para forçar a desistência, um caminho do meio apresentado por Márcio França, hoje candidato ao Senado na chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad, em São Paulo.
A retirada dos recursos teve voto contrário de Siqueira. A decisão, no entanto, contou com voto favorável do ex-governador do Maranhão Flávio Dino, além do governo do Espírito Santo, Renato Casagrande.
PT espera desistência
Após ser comunicado da decisão do PSB de retirar os recursos de Molon, em reunião nesta quinta-feira (4/8), o PT preferiu adiar a decisão sobre a retirada do apoio à candidatura de Freixo ao governo do Rio de Janeiro.
Os petistas consideraram importante a sinalização da cúpula do PSB de tirar oxigênio da candidatura de Molon. Uma nova reunião do PT para discutir o assunto ficou marcada para esta sexta-feira (5/8), às 12h30.
Segundo participantes da reunião desta quinta, o sentimento majoritário é de manter o apoio a Freixo, mas com a vaga ao Senado sendo disputada por André Ceciliano (PT).
A disputa pela vaga do Senado tem gerado um clima tenso para a chapa Lula/Alckmin.
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