Em conversa com a Folha de Pernambuco, presidente da Alepe disse que não há mais relação com partido
Por Larissa Rodrigues
Presidente da Alepe, deputado Álvaro Porto (PSDB) - Arthur Mota / Folha de Pernambuco
Eleito para o terceiro mandato como deputado estadual pelo PSDB, com pouco mais de 46 mil votos, o presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Álvaro Porto (PSDB), planeja sair da legenda. Segundo ele, não existe mais relação com o partido. Em conversa com a Folha de Pernambuco, o parlamentar analisou o cenário político nacional, falou sobre as próximas eleições e detalhou como se deu a aproximação com o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Confira:
Como o senhor enxerga a polarização política que se estabeleceu no Brasil, que não encerrou nas últimas eleições? Haverá diálogo algum dia?
"Existe um radicalismo dos dois lados, de Lula (PT) e de Bolsonaro (PL). Eu acho que com as eleições para prefeito deste ano pode amenizar, porque nos municípios do Interior essa polarização não tem influência alguma. Existe, sim, um diferencial em Pernambuco, onde o Lulismo é acima de 60% ou 70%. Em cidades maiores, como Caruaru, Jaboatão, Olinda, Petrolina, Garanhuns, há uma certa influência da polarização. Mas nas cidades menores a disputa é entre candidatos, sem nacionalizar. Sobre diálogo, acho difícil, por causa da radicalização. Não são todos (os políticos), mas de um lado e do outro há uma minoria provocando. Essa postura não ajuda em nada."
O seu grupo político está indo todo para o Republicanos?
"Tem uma parte que está indo para o Republicanos, alguns já estão em outras legendas como MDB, Podemos, PSB. Há candidatos também do PP que são do meu grupo. Temos mais de 20 candidatos a prefeito, uns no poder e outros disputando a primeira vez. Temos que trabalhar pelo nosso grupo político e pelo que a gente acredita. Vamos rodar o Estado."
Mas o senhor também vai mudar de partido?
"Eu não sou candidato este ano, então não tenho a necessidade de sair para outra legenda agora. Mas, do jeito que está se desenhando, eu não tenho a menor condição de permanecer no PSDB. A relação com o partido não existe. Fui eleito pelo PSDB e desde o primeiro momento sempre acompanhei a governadora Raquel Lyra (PSDB). Mas, no desenrolar desse último ano, houve essa questão: quando ela não quis mais continuar na presidência do PSDB-PE chamou os três únicos deputados estaduais da legenda, eu, Izaías Régis e Débora Almeida, para comunicar que estava colocando Fred Loyo para a substituir. Não foi uma conversa. Foi um comunicado."
Mas o senhor tem bom relacionamento com Fred Loyo (presidente do PSDB em Pernambuco)?
"Me dou bem com ele. É um homem de bem e um empresário competente, bem-sucedido, mas no momento em que a governadora comunicou o nome dele eu comuniquei a ela que não colocaria ninguém dos meus candidatos no PSDB. Então, é questão de tempo. Não vou continuar no PSDB."
E depois de tudo que aconteceu, como ficou a relação com a governadora Raquel Lyra Existe decepção depois do apoio que o senhor deu na campanha?
"É uma relação institucional. Politicamente e pessoalmente, a gente não se encontra. Mas o que for bom para o Estado e chegar na Assembleia, a gente despacha para as comissões. Sabemos que o mundo político é difícil. A pior coisa que existe na política é a ingratidão. Então, hoje, politicamente estou afastado da governadora, todos sabem disso. Mas a relação institucional não será atrapalhada em nada. O povo de Pernambuco não será prejudicado."
O que acha do projeto de extinção das faixas salariais dos policiais e bombeiros militares?
"O Governo do Estado mandou esse projeto para a Alepe sem discutir com as classes. Mas a Assembleia aprovou o orçamento para que fosse resolvida ainda este ano a questão das faixas. Como a matéria estipula a extinção até 2026, alguns deputados entraram com emendas, como Joel da Harpa (PL) e Alberto Feitosa (PL). Mário Ricardo (Republicanos)também entrou com uma emenda para que as promoções dos policiais fossem feitas duas vezes por ano, como acontece em outros estados, porque em Pernambuco é uma vez só. Tem pessoas se aposentando na Polícia sem promoção por esse motivo. Então, são três emendas. Dinheiro tem, porque foi aprovado pela Assembleia."
A sua relação com o prefeito do Recife tem sido cada vez mais próxima. Já podemos chamar de aliança?
"A gente vem conversando. Antes não havia diálogo com o pessoal do PSB. Começamos a nos aproximar depois das últimas eleições, quando alguns colegas me chamaram para entrar na disputa da presidência da Alepe. O PSB, com 13 deputados, se prontificou e foi o primeiro a me dar apoio. Eu esperava o apoio do Governo do Estado e não tive, porque a preferência da governadora era pelo deputado Antônio Moraes (PP). A partir disso, venho dialogando com João, um jovem que está crescendo muito na política e fazendo um belíssimo trabalho no Recife. Acho que ele vence as eleições no primeiro turno e estamos estreitando a relação cada vez mais. Sabemos que a política é dinâmica e vamos aguardar o que virá mais na frente."
Como presidente da Alepe, o senhor pretende levantar a bandeira da independência do Poder Legislativo até o final do seu mandato?
"Está mais do que comprovada a independência da Assembleia. Claro que existem as divergências dentro da Casa, mas a união permanece. Tem as discussões no Plenário e é normal, mas há harmonia dentro na Casa. É preciso haver harmonia também com todos os poderes e nós temos diálogo com o Tribunal de Contas, Tribunal de Justiça, Ministério Público. O Governo do Estado, quando precisar da Assembleia, estaremos dispostos também a dialogar, desde que sejam coisas boas para Pernambuco."
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