Por Ricardo Antunes — Contrariando prognósticos eleitorais, o maior conglomerado de comunicação do Brasil, a classe artística e a maioria dos formadores de opinião, Bolsonaro pode sair das urnas vencedor. E principalmente maior do que entrou. Não apenas por derrotar todos esses atores e também o principal líder das esquerdas (que nunca preparou um sucessor, justamente para reinar). Mas por compreender o Brasil real e oficial, e não ter medo ou pudor de usar tudo o que tem a dispor ao seu favor. E sim, é possível e até provável este resultado.
Há pouco mais de um mês, quando ainda se disputava o primeiro turno, pesquisas de intenções de voto davam Bolsonaro com mais de 10 pontos atrás de Lula. Discutia-se na ocasião se seria possível o petista poderia liquidar o jogo na primeira etapa, já que seu percentual atingiu e superou os 50% nos últimos dias de setembro.
Abertas as urnas, ficou cinco pontos abaixo da expectativa e viu Bolsonaro chegar a 41%, quando se cogitava que ele ficasse na casa dos 30%.
Na reta final do segundo turno, o cenário está aberto e é incerto. O que já é uma vitória incrível para Bolsonaro, que mesmo sem receber apoios de políticos das diferentes matizes, como foi o caso do adversário, ainda está no jogo. E pode faturar por um simples elemento: sua capacidade de mobilização de pessoas para votarem demonstra ser maior que a de Lula. E esse é um quesito fundamental para o segundo turno, quando não há mais candidatos a deputado concorrendo, e estes tradicionalmente mobilizam suas bases para irem às urnas.
Lembrando que 21% dos eleitores do País todo se abstiveram de votar no primeiro turno. Cerca de 32,7 milhões de pessoas, que poderão comparecer às urnas no segundo turno. Os dois candidatos miraram neste grupo, e Bolsonaro aparentemente teve maior incidência e capacidade de mobilização.
Lula aparentemente mirou mais nos eleitores de Ciro e Simone Tebet, um universo bem menor (8,5 milhões) que o de quem não compareceu às urnas no dia 2. Ainda assim, a fatia que deve abarcar não é tão majoritária assim.
Primeiramente se deve salientar que não necessariamente as votações do segundo turno são maiores que as do primeiro, mesmo que seja tendência. Lula, com 57 milhões, e Bolsonaro, com 51 milhões, dependerão de muitos fatores para repetirem e principalmente ampliarem esses números, sobretudo o petista, cuja estrutura de campanha pecou bastante, com a tradicional falta de material pelos estados. O que não se viu na campanha bolsonarista, mesmo no Nordeste, região que praticamente sustentou Lula na primeira etapa.
O petista fechou o sábado com uma liderança mínima. Significa que pode confirmar a vitória ou tomar uma virada em menos de 24 horas. Na política há uma frase que diz que nada como um dia depois do outro, com uma noite no meio. O fato é que quem ganhar será por pouca diferença. Talvez menor que a de Dilma frente a Aécio em 2014, de cerca de três milhões de votos.
Mas as condições de mobilização de Bolsonaro são mais favoráveis que as de seu adversário, e certamente virão quatro anos de muita tensão em Brasília, pois os palanques não devem ser desarmados.
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