POR MAGNO MARTINS
O jogo está aberto e vai se destacar quem estiver mais preparado e melhor posicionado no tabuleiro. As convenções partidárias encerram a fase de pré-campanha com uma questão fundamental para saber quem vai ao segundo turno na eleição para governador de Pernambuco.
O jogo está aberto, como mostram as pesquisas de intenção de voto. As últimas indicam que espontaneamente cerca de 70% dos eleitores não sabem em quem vão votar. O eleitorado ainda está fora do jogo estadual, apesar do forte interesse pela disputa nacional.
Num dos levantamentos, quando as pessoas consultadas são chamadas a dizer espontaneamente em quem votarão para presidente da República, 80% dizem já ter candidato, contra somente 20% classificados como Não sabe/Não respondeu/Nenhum/Branco/Nulo.
Portanto, é o contrário do que ocorre com a corrida ao Palácio do Campo das Princesas. A pesquisa estimulada é importante de ser observada, mas carrega distorções porque os candidatos ainda não tiveram oportunidade de se apresentar como se deve e os eleitores estão mais preocupados com outras questões diferentes da política.
Em outras palavras, é agora que o bicho vai pegar. É agora que a força de cada um vai se revelar verdadeiramente. Agora quer dizer daqui para frente, porque o momento mais importante vai ser mesmo com o início da propaganda eleitoral na TV e no rádio, principalmente com o volume de comerciais de TV de cada um.
O guia eleitoral começa dia 26. Até lá, é ver quem tem estrutura, apoio de lideranças e forças em cada município. E nesse quesito partem na frente Danilo Cabral e Miguel Coelho. Terão os maiores exércitos e os dois maiores tempos de guia eleitoral.
Danilo terá apoio de cerca de 120 prefeitos. Miguel tem metade do total de prefeitos com a oposição. São 29 contra 17 de Marília Arraes, 8 de Raquel e 3 de Anderson. A previsão de bancada eleita também favorece Miguel com a estimativa de garantir quatro cadeiras de deputados federais e sete de estaduais.
O pior nestas comparações, no entanto, será a diferença na divisão dos tempos de programas e inserções na TV e no rádio. Danilo contará com pouco mais de 4 minutos, o dobro de Miguel, com cerca de 2 minutos e meio, que terá o dobro de Marília, com 1 minuto e 20. A seguir vêm Raquel e Anderson com algo como 40 segundos. Essa diferença ficará ainda mais brutal na distribuição das inserções ao longo do dia.
Além disso, o que pesará mais? O apoio de Lula é o principal atributo disputado e que será dividido por Danilo e Marília, que trazem na bagagem alguma experiência como parlamentares e pouco resultado no Executivo. Qual dos dois vai agregar mais transferência de votos de Lula? Ninguém sabe ainda. Bolsonaro é o maior patrimônio de Anderson, mas impõe ao ex-prefeito de Jaboatão um teto, dada a baixa popularidade do presidente e o fato de que os presidenciáveis transferem no máximo cerca de 60% das suas intenções de voto. Por isso, é possível que entre 15% e 17% seja um teto para Anderson.
Há a possibilidade de o jogo na oposição se definir entre Raquel Lyra e Miguel Coelho. Um dos dois poderá ser o representante da centro-direita a chegar ao segundo turno, inclusive, porque Miguel também recebe votos de eleitores bolsonaristas e lulistas – neste caso, sobretudo no Sertão. Raquel não se liga nem a um lado nem a outro, além do pouco tempo de TV e da estrutura pequena que disporá. E o fato de ser mulher é um bem que precisa do mesmo jeito dividir com Marília.
Mas os três, Raquel, Anderson e Miguel, vão tentar valorizar suas passagens pelas administrações municipais de Caruaru, Jaboatão e Petrolina. Os três foram eleitos e reeleitos. Agora, vão procurar mostrar quem deixou o legado mais importante e mais consistente. Vão usar esses legados, inclusive, nos confrontos com Danilo e com Marília, que nunca assumiram uma gestão municipal.
Marília tem menos experiência ainda que Danilo. Ou seja, esta não é uma eleição apenas da polarização. Será também a disputa entre quem fez mais, fez melhor e em menos tempo.
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