Campanha de Lula busca atrair evangélicos; Bolsonaro aposta em antipetismo
Os QGs de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) adotaram estratégias diferentes para o horário eleitoral. A campanha do petista busca usar o espaço para se aproximar dos evangélicos, enquanto a de Jair Bolsonaro aposta em relembrar o passado de Lula.
A ideia dos aliados de Lula é evitar uma “guerra santa” e discutir “condição de vida”, segundo apurou a analista da CNN Thais Arbex.
Pesquisa Datafolha divulgada na última quinta-feira mostrou que, nesse grupo religioso, Bolsonaro saltou de 43% para 49% das intenções de voto no último mês, enquanto o petista flutuou negativamente de 33% para 32%.
O PT pretende usar a campanha eleitoral para falar sobre fome, desemprego, poder de compra, saúde e educação. A avaliação dentro da cúpula da campanha é a de que parte significativa do eleitor evangélico está concentrado nas classes mais baixas da sociedade e que, a partir desse cenário, é preciso evitar “cascas de banana”.
A equipe de Bolsonaro, por outro lado, deve usar o espaço para relembrar o passado de Lula. Em busca da reeleição, o QG do presidente deve apostar no antipetismo para diminuir a diferença entre ele e Lula nas pesquisas de intenção de voto, conforme informou o analista da CNN Kenzô Machida.
A ideia é fazer referência a figuras como Delúbio Soares, José Dirceu e João Vaccari Neto. Segundo aliados do atual presidente, se Lula for reeleito, terá esses nomes ao seu lado mais uma vez.
A avaliação do entorno do presidente é que o antipetismo é mais forte que o antibolsonarismo. “Há quem não goste de Bolsonaro? Sim. Mas não existirá um antibolsonarismo. Já o antipetismo sempre existiu e nunca vai acabar. Antibolsonaro é alergia. Antipetismo é epidemia”, disse Ciro Nogueira no Twitter na quinta-feira (18).
Em medições internas, os dados mostram que, hoje, o presidente estaria à frente de Lula em São Paulo e Rio de Janeiro. O esforço, agora, é para conquistar o eleitor de Minas Gerais. Historicamente, o candidato que vence neste último estado sai vitorioso da disputa presidencial. O presidente começou sua campanha eleitoral em Juiz de Fora (MG) na última terça-feira (16). Ontem, voltou ao estado para a inauguração do TRF-6.
CONTRADIÇÃO: “Igreja não pode virar palanque político” diz Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu hoje o estado laico “de verdade” durante discurso em comício no vale do Anhangabaú, centro de São Paulo. Em referência indireta ao presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula falou que “igrejas não têm que ter partido” e criticou o uso político da fé. O voto evangélico tem sido um dos mais disputados pelas campanhas, e o tema religião vem tomando o noticiário eleitoral, principalmente após polêmicas envolvendo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O apoio evangélico, mais bolsonarista, tem sido um dos temas mais debatidos na campanha petista. O PT avalia que o ex-presidente tem de falar com esse público, mas não quer entrar no debate das chamadas “pautas de costume”.
Em seu discurso, Lula disse que falaria sobre a questão religiosa, que “está na moda agora”.
“Tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando a igreja para cuidar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro”, disse sem citar nomes.
E eu quero dizer para vocês: Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o estado laico. O estado não tem que ter religião, todas as religiões tem que ser defendidas pelo Estado. Mas também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político porque as igrejas têm que cuidar da fé, da espiritualidade das pessoas e não cuidar de candidaturas, de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo o dia inteiro. Ex-presidente Lula em comício no vale do Anhangabaú, em São Paulo.
Segundo pesquisa Datafolha divulgada esta semana, Bolsonaro ampliou sua vantagem sobre Lula no eleitorado evangélico. O presidente tem agora 49% das intenções de voto do segmento, contra 32% do petista.
Este foi o primeiro comício oficial de campanha de Lula na cidade de São Paulo, depois de um ato no ABC e outro em Belo Horizonte. Em sua fala, o ex-presidente seguiu criticando a economia do país atualmente, rebateu fake news e defendeu a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), comparando-a a Tiradentes.
Também participaram do ato o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) e os nomes da aliança em São Paulo, o ex-ministro Fernando Haddad (PT), candidato ao governo, e o ex-governador Márcio França (PSB), ao Senado.
Emocionou. Em ato raro, Dilma discursou. A ex-presidente costuma ser a pessoa mais aplaudida nos comícios petistas, depois de Lula. Com gritos de “Dilma guerreira”, ela se emocionou antes de começar a fala. “Eu vou chorar, gente”, advertiu.
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