quarta-feira, 9 de agosto de 2023

Instituto que colocou Raquel em último lugar responde a quase 100 processos


Por Ricardo Novelino — Responsável pela mais recente pesquisa de avaliação de governadores de todo o país e que colocou Raquel Lyra (PSDB) no último lugar, o Instituto Veritá acumula uma extensa relação de processos judiciais. São quase 100 casos registrados em tribunais eleitorais de ao menos dez estados. O Veritá também tem uma coleção de erros ao apontar vitoriosos em campanhas presidenciais.

Em 2014, por exemplo, disse que Aécio Neves (PSDB) venceria Dilma Rousseff (PT). As pesquisas do instituto indicavam vitória de Aécio no segundo turno. Ele teria 54,8% e Dilma 45,2%, em 9 de outubro. Na pesquisa do dia 21 do mesmo mês, o placar, segundo o instituto, seria de 53,2% para Aécio contra 46,8% de Dilma. A petista, no entanto, se reelegeu com 51,64% e Aécio, teve 48,36%.

No ano passado, o instituto disse que Jair Bolsonaro (PL) derrotaria Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por 51,5% contra 48,5%. O resultado final, no entanto, apontou vitória de Lula, que teve 50,83%, contra 49,17% o adversário.

Em Pernambuco, a instituição aparece como autora ou alvo em 16 procedimentos abertos, todos na eleição de 2022. Naquele pleito Raquel ganhou o segundo turno em uma disputa contra Marília Arraes (SD) e acabou com o “reinado” de 16 anos do PSB, que ficou em quinto lugar. De acordo com a pesquisa feita em julho deste ano, Raquel tem uma “desaprovação” superior a 60%.

Em uma consulta rápida pela internet, é fácil constatar que foram listados 88 processos contra o Veritá. O instituto está envolvido em casos nos tribunais regionais eleitorais de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Sergipe e Goiás.

Os motivos são variados. Eles vão desde pedidos de informações sobre pesquisas ou solicitação de explicação de dados. Nesses locais, há questões de eleições de 2016 e 2020, além do pleito do ano passado.

Veritá tem uma coleção de erros ao apontar vitoriosos em campanhas

Analisando os processos envolvendo o TRE de Pernambuco, é possível observar que a metade dos 16 casos tem relação com a coligação liderada por Marília Arraes, no ano passado. São pedidos de informação sobre as pesquisas eleitorais e solicitação de acesso a dados.

Há processos envolvendo a coligação liderada pelo ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho (União Brasil), que também foi derrotado no primeiro turno. Existem cinco procedimentos, também sobre pesquisas e dados.

O PL, que teve como candidato o ex-prefeito de Jaboatão Anderson Ferreira, também aparece na lista de processos envolvendo o Veritás, com dois casos.

O último é relativo a um procedimento aberto pelo instituto contra a desembargadora –auxiliar do TRE de Pernambuco Virgínia Gondim Dantas. Nesse caso, não é possível saber o conteúdo.

Entre os principais concorrentes das eleições para governador, em 2022, não existem processos envolvendo o Veritá e Rquel Lyra, que ganhou o pleito, e Danilo Cabral (PSB), hoje superintendente da Sudene.

Polêmicas

O Instituto Veritás fica em Uberlândia, em Minas Gerais. Fundado em 1985, é comandado por Adriano Silvoni, que também tem uma longa lista de processos judiciais.

Uma das grandes polêmicas envolvendo o instituto tem relação com a eleição presidencial de 2014, entre a ex-presidente Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Na época, a Folha de São Paulo publicou que informou que o PSDB havia usado “indevidamente” resultados parciais da pesquisa do Instituto Veritá em Minas Gerais que foi realizada para retratar a disputa eleitoral no Brasil como um todo. Claros indícios de ”estelionato eleitoral” e de irregularidades.

No ano passado, logo depois do segundo turno, sites e jornais divulgaram uma lista com os institutos que mais tinham errado os resultados. O Veritá estava entre eles.

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