Por Ricardo Antunes — Serviu apenas para uma coisa, a pesquisa da AtlasIntel que colocou Raquel Lyra como a pior governadora do Brasil: acender a luz amarela no Palácio do Campo das Princesas e mostrar que trabalho somente não adianta.
É preciso saber se comunicar melhor e “arregimentar” a tropa, pois o PSB tem sede e pressa para voltar ao poder no Estado que governou por 16 anos.
A pesquisa em si nem é o problema, faz parte do jogo, que nunca foi para amadores. O problema, na verdade, é a repercussão dada a ela.
“João Campos é o primeiro e Raquel Lyra é a última?”, questionou um analista de Brasília mostrando a “coincidência” das duas amostras. Uma no final do ano passado e a outra, no começo de janeiro.
Do mesmo modo, diga-se que não combina também Recife com o título de “pior prefeito do país”. Não cola.
Que o digam Gustavo Krause, Roberto Magalhães, Joaquim Francisco, Jarbas Vasconcelos, João Paulo e até João da Costa, que teria sido reeleito não fosse o racha no PT.
Até mesmo Geraldo Julio, noves fora suas traquinagens, foi um bom prefeito, eleito e reeleito, e fez seu sucessor.
Na perspectiva da pesquisa AtlasIntel, a governadora Raquel Lyra estaria com problemas entre as mulheres jovens; no pessoal entre 2 SM e 5 SM, e ainda com muitos sem informações sobre a sua gestão.
Como a metodologia da pesquisa AtlasIntel depende da internet, isso é um ponto fraco da mesma e pode ser contestado. Além disso, as redes sociais colocam a governadora como uma das mais populares do Brasil, com mais de 900 mil seguidores no Instagram.
Assim como o prefeito João Campos no Recife, a governadora também é muito bem recebida, seja na Região Metropolitana ou no interior do Estado. Nem ela, nem seu eventual oponente em 2026, acumularam problemas como vaias, reclamações ou pouca recepção no meio da população.
Também não há como montar um ranking nacional de governadores comparando-os a partir da opinião estadual, pois os padrões de exigência e os graus de informação variam de Estado a Estado.
O que é passível de aprovação no Ceará pode não ser no Piauí; ou vice-versa, e assim por diante. Há que se lembrar também que Pernambuco é um Estado muito exigente.
Aqui exigimos o impossível e depois queremos mais. É nosso jeito pernambucano de ser. E não vamos mudar, é claro.
Outro ponto que ninguém levou em consideração: os entrevistados foram recrutados por meio de anúncio pago. Com isso, pode-se filtrar quem quiser e ainda selecionar o perfil do público. O resultado é a apresentação de amostras que não são aleatórias.
O levantamento, como falamos no início do texto, deixa dúvidas sobre a forma como a pesquisa é feita, visto que não apresenta as amostras das pessoas sem acesso à Internet, as que não têm acesso contínuo ou ainda das que entram na Internet apenas no trabalho, não podem ser entrevistadas ou participar da mesma.
Um detalhe a que o Palácio deve ficar atento é o índice que mostra que cerca de 15% a 20% da população não sabem se aprovam ou desaprovam a gestão de Raquel Lyra.
Não é nenhum “bicho de sete cabeças”, mas respinga no ânimo do governo e na popularidade da governadora. A oposição, por outro lado, também está trabalhando para desgastar o novo governo e não deixa passar uma só informação negativa.
Outro fato que também deve ser levado em consideração é a administração do prefeito do Recife que, praticamente, não tem oposição e, com isso, nenhuma crítica.
Enquanto ninguém sabe quem serão os adversários do prefeito, o adversário da governadora já está de certa forma “escolhido”: o próprio prefeito, que tem o privilégio de fazer uma campanha de reeleição com um pé na sucessão estadual.
Uma coisa, porém, é certa: governo nenhum pode ter medo de notícias boas ou ruins. A pecha de “pior governo do país não deve colar”, mas causou certo desconforto, pois foi uma “ducha fria” que ninguém imaginaria que pudesse acontecer no começo do ano.
Truque de marketing? Ninguém pode dizer, embora a empresa, e o seu dono, o romeno Andrei Roman, tenham se metido em algumas polêmicas
Mas a “ducha fria” que falei acima tem seu lado positivo: serve para acordar o Governo Raquel Lyra e melhorar o condicionamento físico. Afinal, “2026 é logo ali”, mas tem muito jogo pela frente.
É isso.
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