quarta-feira, 22 de outubro de 2025

O embate entre JHC e Renan Filho acirra a sucessão em Alagoas

 

Foto: Reprodução

Por Edmar Lyra

O cenário político de Alagoas começa a ganhar contornos mais definidos — e intensos — com a divulgação da nova pesquisa DataTrends, realizada entre os dias 13 e 15 de outubro. Os números indicam um embate direto entre o prefeito de Maceió, JHC (PL), e o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), na corrida pelo governo estadual de 2026. O duelo, que já vinha sendo ensaiado nos bastidores, agora se consolida como a principal polarização da política alagoana.

No primeiro cenário testado pelo DataTrends, JHC aparece com 45% das intenções de voto, enquanto Renan Filho soma 42%. A diferença está dentro da margem de erro, o que traduz um empate técnico e confirma que o eleitorado alagoano se divide entre dois projetos distintos: o do jovem prefeito liberal, que tenta se firmar como alternativa à hegemonia do grupo dos Calheiros, e o do ex-governador e atual ministro, herdeiro de uma das estruturas políticas mais sólidas do estado.

Renan Filho, por sua vez, mostra força quando JHC não é colocado na disputa. Em cenários alternativos, ele supera com folga nomes como Alfredo Gaspar (União Brasil), Fábio Costa (PL) e Arthur Lira (PP), atingindo patamares entre 49% e 55% das intenções de voto. Isso evidencia que o ministro mantém alta capilaridade no interior, sustentada pela base política construída ao longo de dois mandatos no governo e reforçada pelo prestígio de seu pai, o senador Renan Calheiros.

Já JHC desponta como a principal novidade do pleito. Aos 36 anos, o prefeito de Maceió tem apostado em uma imagem de gestor moderno e pragmático, com forte presença digital e discurso voltado à juventude e à eficiência administrativa. Filiado ao PL, ele obteve uma expressiva votação em sua reeleição em 2024, consolidando-se como uma das maiores lideranças políticas do estado e ampliando sua projeção além da capital. Seu embate com o grupo dos Calheiros tem natureza simbólica: representa a disputa entre a renovação política e o poder tradicional. O fato de conseguir equilibrar forças com Renan Filho em um cenário de confronto direto demonstra o alcance da capital sobre o eleitorado estadual, algo que há tempos não se via com tamanha intensidade em Alagoas.

A disputa também será influenciada pelo contexto nacional e pelo desempenho das administrações locais. O presidente Lula, com 65% de aprovação no estado, tende a reforçar o campo governista, enquanto o governador Paulo Dantas (MDB), com 62% de aprovação, dá sustentação ao grupo de Renan. Ainda assim, o avanço de JHC mostra que há espaço para uma ruptura política em um estado historicamente dominado por um mesmo bloco de poder.

A tendência é de uma campanha intensa, marcada por contrastes de estilo, alianças estratégicas e disputas de narrativa. Se a eleição fosse hoje, Alagoas viveria uma das disputas mais acirradas do país, com um duelo que não se resume a dois nomes, mas simboliza o embate entre passado e futuro, tradição e inovação, poder estabelecido e novo protagonismo. O jogo está apenas começando — mas já promete ser de alto nível e fortes emoções.

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