sexta-feira, 16 de abril de 2021

Faxineira diz que viu Henry 'apavorado' após ficar trancado com Dr Jairinho

A faxineira Leila Rosângela de Souza Mattos, que trabalhou na casa de Henry Borel, de 4 anos, morto em 8 de março no Rio, contou à polícia na quarta-feira, 14, ter visto o menino "com cara de apavorado" após ficar trancado no quarto por dez minutos com o padrasto, o médico e vereador Jairo Souza Santos Junior, o Dr Jairinho. Ela disse também que a mãe de Henry e namorada de Jairinho, a professora Monique Medeiros Costa e Silva de Almeida, contou a ela em fevereiro que o filho havia tido "um surto" com o padrasto. O político e Monique estão presos temporariamente em inquérito que apura a morte do menino.Faxineira diz que viu Henry 'com cara de apavorado' após ficar trancado com Dr. Jairinho

Rose afirmou que em 12 de fevereiro, a sexta-feira anterior ao carnaval, Monique havia saído de casa quando Dr. Jairinho chegou, por volta de 15h15. Henry então correu até o político, para abraçá-lo, o que era absolutamente incomum - por isso, a babá Thayná Ferreira teria ligado para Monique. Em seguida, o vereador chamou o enteado para o quarto do casal, anunciando ter comprado algo para ele. Ficaram dez minutos com a porta trancada e ao sair, segundo a faxineira, a criança tinha "cara de apavorado" e o menino falou à babá que não queria mais ficar sozinho na sala.

Quando a babá perguntou por que Henry estava mancando, ele respondeu que havia "caído da cama" e que seu joelho estava doendo. Rose também disse ter ouvido quando Henry reclamou que a cabeça doía.

Rose, como é chamada a faxineira, trabalhava no apartamento em que moravam Dr. Jairinho, Monique e Henry, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O menino morreu com diversas lesões pelo corpo. Dr Jairinho e Monique foram presos temporariamente em 8 de abril. São acusados de obstruir a investigação. A polícia acha que são responsáveis pela morte do menino.

Na quarta, a faxineira prestou novo depoimento ao delegado Henrique Damasceno, da 16ª DP (Barra da Tijuca), que investiga o caso. A suspeita é que o garoto tenha morrido em consequência de tortura.

Em seu primeiro depoimento, em 24 de março , Rose havia contado à polícia outra versão. Na ocasião, diferentemente de suas declarações mais recentes, havia dito que Jairinho não ficava sozinho com Henry. Também não relatou ter conhecimento de alguma agressão contra o garoto. Depois disso, investigadores descobriram mensagens entre Monique e Thayná no WhatsApp. Nelas, ambas falam sobre agressões narradas pela criança. Jairinho seria o autor.

Com base nessas conversas, a polícia pediu à Justiça que decretasse a prisão do casal, acusado de obstruir a investigação. Eles foram presos em 8 de abril. No dia 12, Thayná deu novas declarações no inquérito. Admitiu que mentira por ordem de Monique e por ter medo de Dr. Jairinho. Detalhou ainda três episódios em que o vereador teria agredido Henry. Como o político e o garoto, nesses episódios, ficaram trancados, a babá não viu nada, mas ouviu relatos da criança e observou lesões no corpo de Henry.

Faxineira diz que Henry "chorava o tempo todo"

Como Monique e o namorado viajaram para Mangaratiba, na Costa Verde fluminense, durante o carnaval, a faxineira ligou para Monique no domingo, 14 de fevereiro. Queria saber quando deveria voltar ao trabalho. Foi nessa ligação que Rose disse ter ouvido de Monique que o filho "teve um surto" com Dr. Jairinho e por isso ela quase voltou ao Rio no sábado mesmo. Mas Monique não deu detalhes, nem mudou o plano de viagem. Ficou em Mangaratiba até segunda-feira, 15 de fevereiro.

A faxineira também contou à polícia que Henry "chorava o tempo todo" e vomitava "de vez em quando". Disse que numa ocasião, ao ver o filho chorando, Monique afirmou que ele era muito mimado. Advertiu o garoto que, se continuasse chorando "sem motivo", ele iria morar com o pai. Henry respondeu que não queria morar com o pai, segundo Rose.

 

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