quinta-feira, 4 de abril de 2024

FIG independente do Governo de Pernambuco faz Garanhuns perder R$ 17 milhões de investimento

 


Da Redação do Blog –  O anúncio da programação do 32º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) pela Prefeitura de Garanhuns na manhã desta terça-feira (2) coloca em risco para o setor cultural do Estado um investimento público de R$ 17 milhões, já garantido no orçamento da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), que pela primeira vez na história está sendo excluída da preparação do evento por decisão do prefeito Sivaldo Albino (PSB).

Ao decidir esticar a corda e não seguir com as negociações junto ao Governo do Estado de Pernambuco, iniciadas no início de fevereiro, a gestão de Garanhuns ameaça a realização do FIG como é tradicionalmente conhecido, abrangendo dezenas de linguagens – música clássica, circo, cinema, teatro, artesanato, por exemplo – escolhidos por edital público – e abre espaço para a privatização do palco principal, localizado na esplanada Mestre Dominguinhos. Os recursos já tinham sido garantidos inclusive através de decreto da governadora Raquel Lyra (PSDB), assinado em 29 de fevereiro e publicado no Diário Oficial do Estado em março.

Apoiado pelo deputado federal Felipe Carreras (PSB), a quem chegou a anunciar que faria um busto em sua homenagem na entrada da cidade, Sivaldo Albino decidiu esnobar o orçamento de R$ 17 milhões anunciado pela governadora como patamar inicial de investimentos por parte da gestão estadual para o Festival deste ano, que já tem no âmbito da Fundarpe editais prontos para publicação. Com forte influência no setor de eventos, Carreras – que já teve sociedade com a produtora Festa Cheia – pretende construir com Sivaldo uma saída para vender ingressos do setor com visão mais privilegiada do palco Mestre Dominguinhos, transformando o maior festival público de arte e cultura do País numa programação de show business onde o lucro é o maior objetivo. É só observar que o prefeito e o deputado federal não falam nas outras áreas do evento, que vai muito além do palco principal.

“Chama atenção que não há qualquer edital na praça, as licitações estão atrasadas, se fala que os artistas contratados estão sendo pagos antecipadamente por uma produtora, contrariando os fundamentos básicos da administração público. É claro que quem está bancando vai querer lucrar mais à frente. Evidentemente essa não é e nunca será a essência do FIG, que é reconhecido pela sua multiplicidade, e por prestigiar a cultura de forma transversal e democrática”, registrou uma fonte ligada ao setor.

Apesar de afirmar que não houve diálogo por parte da gestão estadual, quem conhece de perto os documentos enviados pela Prefeitura de Garanhuns ao Governo de Pernambuco sobre o 32º FIG garante que as exigências do prefeito inviabilizam completamente a participação do Estado, que sempre foi o promotor do evento. Entre as cláusulas exigidas pelo prefeito estavam organizar com exclusividade (e, portanto, sem a participação da Fundarpe) o principal palco do evento – o Mestre Dominguinhos – e a necessidade de aprovação prévia, por parte da Prefeitura, de qualquer programação ou alterações decorrentes em outros polos. O governo chegou a aceitar a programação já anunciada pela Prefeitura para os shows principais, garantindo que incluiria novas atrações de peso no Mestre Dominguinhos, mas o prefeito não quis acordo e anunciou, solitário, o seu FIG.

Por parte da gestão estadual, que teve condições de iniciar o planejamento do FIG 2024 com antecedência, já que em 2023 recebeu da gestão anterior – comandada pelo PSB – um orçamento de apenas R$ 6,5 milhões para o festival inteiro, existe atualmente um planejamento organizado, com cronograma definido, que inclui 17 dias de festival, 24 polos e ativações culturais e novidades como o polo circense e um espaço dedicado a conhecimento e trocas de experiências gastronômicas. “Sem o edital, que garante mais de setenta por cento da grade do FIG escolhida de forma democrática e participativa, várias linguagens culturais ficarão pela primeira vez na história órfãs do FIG. Tudo isso por um capricho de um prefeito que entrará para a história como alguém que decidiu enterrar o nosso amado Festival”, registra a fonte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário